Os americanos começaram a votar nesta terça-feira (8) para eleições cruciais de meio de mandato, nas quais estão em disputa as maiorias na Câmara de Representantes e no Senado, o que determinará o nível de poder do presidente democrata Joe Biden durante os próximos dois anos, assim como o futuro de Donald Trump.
"Faça sua voz ser ouvida hoje. Vote", tuitou Biden hoje cedo. Essas eleições geralmente são desfavoráveis para o partido no poder.
As primeiras assembleias de voto abriram às 6h (8h no horário de Brasília), mas mais de 40 milhões de eleitores já votaram antecipadamente, ou por correio, para renovar toda Câmara de Representantes, um terço do Senado e toda uma série de cargos municipais, ou regionais, incluindo vários governadores.
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Mas a inflação superou todas as outras questões nas últimas semanas, deixando os republicanos mais confiantes do que nunca em suas chances de derrotar Joe Biden, a quem culpam pelo aumento dos preços.
- Voto de castigo -
"Se você deseja um fim à destruição do nosso país e salvar o sonho americano, deve votar nos republicanos", afirmou Trump, onipresente na campanha, durante um comício na segunda-feira em Ohio, um dos redutos industriais do país.
O bilionário de 76 anos afirmou que fará um "grande anúncio na terça-feira, 15 de novembro, em Mar-a-Lago", sua residência na Flórida, consciente de que uma vitória de republicanos que o apoiam pode representar o trampolim ideal para uma candidatura na eleição presidencial de 2024.
Estas eleições de meio de mandato acontecem dois anos após as eleições presidenciais e equivalem, de certa forma, a um referendo sobre o ocupante da Casa Branca. Por isso, o partido do presidente raramente escapa do voto punitivo.
Os democratas tentam evitar que isso aconteça, alegando que a oposição republicana, cujos candidatos não reconhecem o resultado das eleições presidenciais de 2020, são uma ameaça à democracia.
"Nossa democracia está em perigo", declarou o presidente de 79 anos durante o último comício na noite de segunda-feira em Maryland, nos arredores de Washington.
O aumento dos preços - 8,2% em média - continua sendo, no entanto, de longe, a principal preocupação dos americanos, e os esforços de Biden para se estabelecer como o "presidente da classe média" não parecem ter dado frutos.
De acordo com as pesquisas mais recentes, a oposição republicana tem chance de conquistar pelo menos de 10 a 25 cadeiras na Câmara, mais do que suficiente para ter maioria. Há menos clareza sobre o destino do Senado, mas os republicanos também podem sair vitoriosos.
Perder o controle das duas casas do Congresso teria sérias consequências para o presidente democrata, que disse que "tem a intenção" de concorrer novamente em 2024, o que seria um duelo como o de 2020.
Na noite de segunda-feira, o presidente disse estar "otimista" com o resultado da votação, embora reconhecesse que manter o controle da Câmara seria "difícil".
Se eles reconquistarem a maioria, os republicanos já indicaram que vão iniciar investigações sobre os negócios do filho de Joe Biden, Hunter, assim como alguns ministros e talvez um processo de impeachment contra o presidente.
- Duelos -
Concretamente, as eleições de meio de mandato são definidas em alguns estados-chave, os mesmos da votação presidencial de 2020.
Todos os olhos estão voltados para a Pensilvânia, antigo reduto da indústria siderúrgica, onde o milionário cirurgião republicano Mehmet Oz, apoiado por Donald Trump, enfrenta o democrata John Fetterman, ex-prefeito de uma pequena cidade, pela cadeira mais disputada do Senado.
O resultado nesta eleição pode definir o equilíbrio de poder no Senado.
Assim como em 2020, a Geórgia também chama a atenção. O democrata Raphael Warnock, o primeiro senador negro eleito neste estado do sul com um forte passado segregacionista, tenta a reeleição contra Herschel Walker, afro-americano e ex-jogador de futebol americano, que tem o apoio de Trump.
Arizona, Ohio, Nevada, Wisconsin e Carolina do Norte do Norte também são cenários de disputas acirradas entre os democratas e os candidatos apoiados por Donald Trump, que juram lealdade absoluta ao ex-presidente.
As campanhas custaram centenas de milhões de dólares e transformaram estas eleições de meio de mandato nas mais caras da história dos Estados Unidos.