Jornal Estado de Minas

ACORDO

Militares e civis assinam acordo no Sudão para sair da crise

Os líderes militares e civis do Sudão assinaram um primeiro acordo nesta segunda-feira (5) para encerrar a profunda crise política que abalou o país desde o golpe de Estado do ano passado, mas foi recebido com ceticismo pelos manifestantes.



O acordo, elogiado pelos Estados Unidos e seus aliados, ocorreu após várias tentativas de tirar o país de um impasse político desde que o general Abdel Fatah al-Burhan tomou o poder de líderes civis em 25 de outubro de 2021.

Esse golpe levou a uma transição para o governo civil, lançada após a queda do ex-presidente Omar al-Bashir em 2019.

Desde então, manifestações contra o golpe acontecem quase todas as semanas, em meio a uma profunda crise econômica e social, agravada pela violência interétnica.


O acordo foi assinado pelo general Burhan, o comandante paramilitar Mohamed Hamdan Daglo e vários grupos civis, como as Forças pela Liberdade e Mudança (FFC), que foram afastados do poder pelo golpe de Estado.



'Esforços contínuos'


A assinatura ocorreu na presença do representante especial da ONU, Volker Perthes, e da União Africana, Mohamed Belaish.

"A cerimônia de hoje é o resultado dos esforços contínuos dos partidos sudaneses no ano passado para encontrar uma solução para a crise política e restaurar a ordem constitucional", disse Perthes.

Estados Unidos, Reino Unido, Noruega, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, atores-chave no Sudão, foram a favor do acordo, segundo uma declaração conjunta divulgada pelo Departamento de Estado americano.

O acordo prevê a nomeação de um primeiro-ministro que estará à frente do país durante um período de transição de dois anos.

Daglo insistiu no compromisso dos militares em abandonar a cena política, algo “essencial” para “construir um governo democrático duradouro”, estimou.

No entanto, a iniciativa foi denunciada por centenas de sudaneses que se reuniram em Cartum para protestar contra o que veem como uma “traição”. As FFC “venderam o nosso sangue”, gritavam os manifestantes.