As crises do clima e da biodiversidade estão indiscutivelmente ligadas, portanto "é urgente agir", afirmou Elizabeth Maruma Mrema, secretária-executiva da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica (CDB), em entrevista à AFP.
Leia Mais
Emissora do Catar apresenta caso da morte de jornalista à JustiçaZelensky, de presidente em apuros a líder da resistência ucranianaJustiça britânica concede imunidade a Juan Carlos, rei emérito da EspanhaFome afeta 56,5 milhões de pessoas na América Latina e CaribeChina denuncia 'suposições infundadas' de relatório dos EUADepois da COP do clima, esta outra conferência, que começa na quarta-feira, 7, e vai até 19 de dezembro, acontece com dois anos de atraso devido à pandemia de covid-19.
Quase de 200 países tentarão elaborar uma nova estrutura global para a proteção da natureza. Mas depois de três anos de negociações trabalhosas, os pontos de discordância ainda são muitos.
"A biodiversidade deve triunfar porque é dela que vêm as soluções para a implementação do Acordo de Paris. A natureza é tão importante quanto o clima" e as duas questões devem ser abordadas "em conjunto", insiste Maruma Mrema.
"Nos aproximamos dos pontos de inflexão, mas não é tarde demais, antes que não tenha mais nada para deixar aos nossos filhos", alerta a funcionária tanzaniana, ao lembrar que o declínio da biodiversidade atingiu "níveis sem precedentes na história da humanidade".
"Calculamos que 90% dos ecossistemas foram afetados até agora e mais de um milhão de espécies estão ameaçadas de extinção", acrescenta.
Nesta COP, "o importante é que se adote um marco, todos nós teremos interesse em garantir que seja implementado para não voltarmos à estaca zero", avalia, ao recordar as lições que foram aprendidas em comparação com 2010.
Naquele ano, os 196 países signatários da CDB se comprometeram a implementar medidas, chamadas Metas de Aichi, para conter o declínio da biodiversidade até 2020.
Quase nenhuma delas foi alcançada.
Objetivos quantificados
Maruma Mrema elogia o compromisso demonstrado nesta ocasião por todas as partes interessadas: empresas, governos, cidadãos e ONGs. O adiamento de dois anos permitiu que as consultas fossem ampliadas, acrescenta.
"Desta vez, o marco será adotado junto com um mecanismo" de monitoramento e "todos os objetivos serão acompanhados de metas numéricas", explica.
Não foi o que aconteceu com o último acordo. Mas a aprovação de objetivos quantificados ambiciosos estará condicionada a compromissos financeiros de norte a sul, um dos "pontos complicados" das negociações, admite.
Assim como acontece com as negociações climáticas, vários países querem "garantir que haverá recursos financeiros suficientes disponíveis para a implementação" das medidas.
Entre os vinte objetivos em discussão, a principal ambição, denominada 30x30, visa colocar pelo menos 30% das terras e mares do mundo sob proteção legal mínima até 2030. No acordo anterior, de 2010, a proposta era fazer o mesmo com 17% da terra e 10% da água.
Para Elizabeth Maruma Mrema, este é apenas "um objetivo entre 22" e será fundamental olhar para o acordo "como um todo".
"Se quisermos reverter a perda de biodiversidade até 2030, isso significa que todas as metas precisam ser implementadas e não apenas uma", destaca.