A China anunciou nesta quarta-feira (7/12) uma flexibilização geral das regras de saúde antiCOVID, abandonando a estratégia restritiva contra o coronavírus que gerou uma onda histórica de protestos em todo o país.
O mal-estar com a política de tolerância zero contra a COVID-19 da China, que inclui confinamentos repentinos, testes em larga escala e quarentenas inclusive para pessoas não infectadas, provocou as maiores manifestações no país desde o movimento pró-democracia de 1989.
As autoridades tentaram sufocar os protestos, mas, ao mesmo tempo, começaram a apresentar respostas às reivindicações, primeiro a nível local e agora a nível nacional.
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Volodimir Zelensky é a personalidade do ano 2022 pela revista TimeAlemanha prende 25 suspeitos de planejar ataque ao ParlamentoSaiba quais são as mudanças nas restrições antiCOVID da ChinaEmbaixadas da Ucrânia receberam 31 pacotes suspeitos em uma semanaOs confinamentos também serão menores e as pessoas com casos de covid que não são considerados graves ou assintomáticas poderão fazer o isolamento em casa, sem a exigência de quarentena em instalações do governo.
Além disso, os cidadãos não precisarão mostrar mais um código de saúde na cor verde no smartphone para entrar em prédios e espaços públicos, com exceção de "casas de repouso, instituições médicas, creches e centros de ensino".
"Os testes de PCR em larga escala serão efetuados apenas em escolas, hospitais, casas de repouso e locais de trabalho considerados de alto risco. O alcance e a frequência dos exames PCR serão ainda mais reduzidos", indicam as novas regras.
Além disso, as pessoas que viajam entre províncias não precisarão mais apresentar um resultado de teste realizado nas 48 horas anteriores e não serão obrigadas a fazer um exame na chegada.
A China também vai acelerar a vacinação entre os idosos, algo considerado durante muito tempo um dos principais obstáculos para flexibilizar a política 'COVID zero'.
Mudança de discurso
No final do mês passado, manifestações contra a política restritiva do Partido Comunista foram observadas em várias regiões do país. Algumas pessoas pediram mais liberdades políticas e até a renúncia do presidente Xi Jinping.
Desde então, várias cidades chinesas suprimiram algumas das restrições mais severas.
A capital Pequim, com muitos estabelecimentos comerciais já reabertos, anunciou no início da semana que os cidadãos não seriam mais obrigados a apresentar um teste negativo realizado nas últimas 48 horas para ter acesso ao transporte público.
Xangai, que enfrentou um confinamento severo de dois meses este ano, anunciou medidas similares e permitirá a entrada de moradores em locais abertos, como parques e atrações turísticas, sem a exigência de um teste recente.
Até a imprensa estatal, antes dominada por notícias sombrias sobre o perigo do vírus e os danos provocados em outros países, mudou drasticamente o tom para minimizar os riscos de infecção.
A variante ômicron predominante "não é, em absoluto, como a variante delta do ano passado", afirma o professor de Medicina Chong Yutian em um artigo publicado pelo Diário da Juventude da China, jornal vinculado ao Partido Comunista.
"Depois da infecção com a variante ômicron, a grande maioria terá sintomas leves ou nenhum. Poucos desenvolverão sintomas graves", acrescentou.
Analistas da consultoria japonesa Nomura calcularam na segunda-feira que 53 cidades da China, com um terço da população nacional, prosseguiam com restrições.
O anúncio desta quarta-feira aconteceu algumas horas depois de o governo divulgar novos dados que demonstram o grande impacto econômico da política de tolerância zero contra a COVID-19.
As importações e exportações chinesas registraram queda em novembro e atingiram níveis que não eram observados desde o início de 2020, quando a pandemia paralisou o país.
As importações caíram 10,6% em ritmo anual em novembro, segundo a Administração da Alfândega. As exportações caíram 8,7% no mesmo período.