Após oito semanas de audiências, o julgamento pelo acidente do voo Rio-Paris contra a fabricante Airbus e a companhia aérea Air France entra em sua reta final nesta quarta-feira (7/12), com os últimos argumentos do Ministério Público francês.
Em 1º de junho de 2009, o avião AF447 caiu no Oceano Atlântico, quase quatro horas após decolar do Rio de Janeiro. Seus 216 passageiros e 12 tripulantes morreram nesta tragédia.
Leia Mais
Saiba quais são as mudanças nas restrições antiCOVID da ChinaEmbaixadas da Ucrânia receberam 31 pacotes suspeitos em uma semanaVolodimir Zelensky é a personalidade do ano 2022 pela revista Time"Representar a sociedade em tal julgamento significa preservar a ordem social (e) lembrar que o respeito à vida humana não admite qualquer compromisso", alertou.
O segundo promotor, Pierre Arnaudin, começou então a detalhar todos os "fatores contribuintes" do acidente, a fim de estabelecer se uma "culpa" poderia ser imputada à Airbus e à Air France em "conexão" com o desastre.
As duas empresas, que incorrem a uma multa de 225 mil euros cada, contestam qualquer falha.
Embora os juízes de instrução tenham arquivado o caso em 2019, os familiares das vítimas e os sindicatos dos pilotos apelaram e, em maio de 2021, os tribunais enviaram as duas empresas a julgamento por homicídio doloso.
Segundo laudos periciais, o congelamento das sondas de velocidade Pitot causou alteração nas medições de velocidade do Airbus A330, o que desorientou os pilotos até perderem o controle do avião.
Para o tribunal de apelação, que reverteu o arquivamento do caso, a Air France não implementou o "treinamento adaptado", nem forneceu as "informações" necessárias para que os pilotos pudessem "reagir" a essa falha técnica.
A Airbus, por sua vez, é acusada de "subestimar a gravidade" das falhas das sondas de velocidade, por não tomar as medidas necessárias para informar com urgência as tripulações ou treiná-las de forma eficaz.
As falhas nessas sondas se multiplicaram nos meses anteriores ao acidente. Após a catástrofe, o modelo foi alterado em todo o mundo.
A tragédia motivou ainda outras modificações técnicas no domínio da aeronáutica e um treino reforçado numa situação de perda de altitude e de estresse da tripulação.