Jin, um dos astros do BTS, iniciou, nesta terça-feira (13/12), seu serviço militar obrigatório na Coreia do Sul, tornando-se o primeiro membro da banda a se alistar desde o anúncio de um hiato este ano, que deixou os fãs de coração partido com o futuro incerto do popular grupo de K-pop.
O septeto é considerado o maior fenômeno cultural do país. O BTS lota arenas ao redor do mundo, domina as paradas, arrecada bilhões de dólares e tem uma legião global de fãs conhecidas como ARMYs.
Ainda assim, não escapou à regra de que todo homem apto deve servir pelo menos 18 meses no Exército sul-coreano.
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Centenas de pessoas lotaram um cruzamento em frente à entrada do campo de treinamento de Yeoncheon — onde uma placa diz "Berço dos soldados de primeira classe" —, à espera da chegada de Jin.
"Por um lado, é normal que ele se aliste, porque é obrigatório para homens coreanos", comentou Veronique, uma fã indonésia de 32 anos. "Mas, por outro, não poderemos vê-lo por pelo menos 18 meses (...) Estou feliz, mas também triste e orgulhosa".
O local de treinamento fica perto da fronteira com a Coreia do Norte, com a qual o Sul está tecnicamente em guerra.
Os fãs ficaram chocados quando o BTS revelou em junho que entraria em hiato, devido à exaustão, à pressão e ao desejo de seguir carreiras separadas. Analistas comentaram, porém, que o anúncio foi estrategicamente planejado por causa do alistamento.
O grupo deve voltar a se reunir por volta de 2025, quando os sete integrantes completarem o serviço militar.
A Coreia do Sul isenta alguns atletas de elite, como medalhistas olímpicos e músicos clássicos do serviço militar, mas as estrelas pop não se qualificam.
O BTS se beneficiou, contudo, de uma revisão de 2020 na lei de recrutamento que aumentou a idade máxima de alistamento de 28 para 30, no caso de alguns artistas. Jin, o membro mais velho do grupo, completou 30 anos em 4 de dezembro.
Não serão esquecidos
As mudanças geraram especulações sobre o futuro do grupo. Manterá a fama, ou terá dificuldade em reviver seu sucesso?
Alguns astros do K-pop tiveram problemas para retomarem suas carreiras, após o serviço militar, em uma indústria bastante competitiva, onde os artistas são facilmente substituídos.
"Para a indústria do K-pop, o hiato do BTS será importante", disse à AFP Lee Taek-gwang, professor de comunicação da Universidade Kyung Hee.
"O interesse do público pode diminuir, e esse declínio na popularidade prejudicará seus negócios. Não será fácil para a banda voltar", acrescentou.
Outros especialistas ressaltam, porém, o enorme sucesso do BTS e antecipam que deverá ser uma exceção a essa tendência.
"Eles alcançaram outro nível de popularidade, influência e credibilidade", acredita Lee Ji-young, especialista em BTS e professora da Universidade Hankuk de Estudos Internacionais.
Desde sua estreia em 2013, o BTS fez mais do que qualquer diplomata, ou celebridade, para promover o "soft power" da Coreia do Sul, considerada uma potência cultural global.
Foram convidados para falar na ONU e se encontraram com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Casa Branca. Também são embaixadores da campanha para levar a Expo Mundial para Busan, na Coreia do Sul. De acordo com o governo sul-coreano, o BTS injetou bilhões de dólares na economia.
Apesar do sucesso, um projeto de lei para isentá-los do serviço militar se mostrou tão controverso que não foi aprovado no Parlamento.
"O serviço militar na Coreia do Sul é um indicador de igualitarismo", explicou Lee, da Universidade Kyung Hee.
Jin se juntará a uma "unidade de frente" perto da fronteira, segundo a imprensa local.
"Isso demonstra o papel da cultura e da opinião pública nos assuntos internacionais. Esse papel 'na frente' será de combate, ou de relações públicas?", questiona Sarah Keith, professora de mídia e música da Universidade Macquarie.
Na segunda-feira (12), Jin postou uma foto de si mesmo, na rede social sul-coreana Weverse, com o cabelo raspado. "Mais bonito do que eu esperava", dizia a legenda.