Batizada de "Cap Optimist", essa aventura beneficente procura demonstrar que o esporte pode ser um motor de superação e recuperação emocional para pacientes de câncer.
"Vamos tentar um desafio global sem precedentes: conectar Lima a Moorea, a bordo de uma prancha de stand up. Somos 'six waterwomen''", disse à AFP Stéphanie Geyer Barneix, responsável pelo projeto no cais do clube Regatas em Lima, antes do grupo navegar ao pôr-do-sol na quarta-feira (4).
"É um projeto de três anos. Hoje é a materialização, vamos remar dia e noite para tentar chegar no fim de março em Moorea. A cada hora nos revezamos na prancha", acrescenta esta mulher de 47 anos, sobrevivente de quatro cânceres de mama.
As seis mulheres são atletas e especialistas em resgate costeiro, com idades entre 22 e 47 anos. Cada uma vai remar em média quatro horas por dia, revezando a cada hora.
Geyer estima que o grupo avançará entre 5 e 6 quilômetros a cada 60 minutos. Durante o trajeto, elas serão acompanhadas por um catamarã, onde descansarão, e por uma equipe de primeiros socorros.
A travessia é inspirada em Kon-Tiki, uma emblemática expedição do século XX. Realizada, em 1947, em uma balsa de troncos e com uma tripulação comandada pelo norueguês Thor Heyerdahl, tinha como objetivo testar a hipótese de que os sul-americanos chegaram à Polinésia em tempos pré-colombianos.
"No início vimos que a rota mais curta era pelo México, mas depois descobrimos a história do Kon-Tiki, que nos inspirou bastante porque foi feita por seis meses e nós somos seis mulheres (...) Queremos entrelaçar essas histórias que são um exemplo", declarou Stéphanie.
Também participam da viagem Alexandra Lux, Emmanuelle Bescheron, Itziar Abascal, Marie Goyeneche e Margot Calvet.
A espanhola Itziar, de 34 anos, foi a primeira a deixar a costa de Lima em cima da prancha, impulsionada por suas braçadas
Ela foi escoltada por dois pescadores locais a bordo de "caballitos de totora", jangadas rústicas feitas de uma planta aquática sul-americana usada para velejar e pescar no Peru desde os tempos antigos.
"É um grande desafio esportivo poder fazer esta grande travessia (...) Tive experiências muito próximas com o cancêr com os meus pais, elas me ensinaram que é preciso nunca desistir, é preciso sempre seguir em frente", considerou Itziar.
"É o lema do nosso projeto, continuar dia a dia, remada a remada até a Polinésia; É um pouco como se leva a doença, dia a dia e passo a passo", acrescentou.
Com esta expedição, a missão pretende angariar fundos para a Associação Hope Team East Association e promover o esporte entre crianças com câncer durante o período de seu tratamento ou recuperação.
"Estamos aqui para remar pelas crianças doentes (...) Temos todos os oceanos para atravessar, esta doença é reversível e estas dificuldades podem ser ultrapassadas através do esporte", conclui Stéphanie com orgulho.