Enquanto a polícia da Califórnia lutava na segunda-feira (23) para entender por que um homem de 72 anos matou a tiros 11 pessoas que comemoravam o Ano Novo Lunar, dois novos tiroteios abalaram o estado, deixando sete mortos.
Ambos os tiroteios ocorreram em fazendas perto de Half Moon Bay, uma comunidade da costa pacífica perto de San Francisco.
As afiliadas @NBCBayArea e @ABC7News de San Francisco relataram sete mortos nos ataques armados.
"O suspeito está sob custódia. Não há ameaça contínua à comunidade neste momento", disse a xerife do condado de San Mateo, Christina Corpus, no Twitter, referindo-se a um morador de 67 anos identificado como Chunli Zhao.
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Segundo relatos, as vítimas eram trabalhadores agrícolas chineses e Zhao trabalhava em uma das fazendas.
A Casa Branca disse que o presidente Joe Biden foi informado do incidente e ordenou prestar "toda a assistência necessária" às autoridades locais.
"Tragédia após tragédia", lamentou o governador da Califórnia, Gavin Newsom, que esteve em Monterey Park, onde ocorreu o massacre.
- "Buscando pessoas" -
O novo banho de sangue ocorreu menos de 48 horas depois que um septuagenário asiático armado matou 11 pessoas em um salão de dança que celebrava o Ano Novo Lunar perto de Los Angeles e, após fugir, cometeu suicídio.
A polícia investiga os motivos do massacre de sábado.
O número de mortos inicialmente divulgado, de 10 pessoas, foi atualizado na segunda-feira (23).
"É com pesar que anunciamos que uma das vítimas não resistiu aos ferimentos", declarou o hospital, que prestava atendimento a quatro dos 10 feridos no ataque, em um comunicado enviado à AFP.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, expressou sua consternação e decretou que as bandeiras fossem colocadas a meio mastro, em um país assolado pela violência armada.
O suspeito identificado como Huu Can Tran, de 72 anos, era um frequentador do Star Dance Studio, na cidade de Monterey Park, onde dava aulas informais, indicou a imprensa americana, e supostamente acreditava que outros instrutores "falavam mal dele", disse um amigo dele não identificado à CNN.
Estima-se que ele chegou ao local por volta das 22h de sábado (3h20 de domingo no horário de Brasília) e abriu fogo no interior, assassinando 10 pessoas - cinco homens e cinco mulheres, entre 50 e 60 anos - ferindo mais 10.
Em seguida, aparentemente dirigiu até outro salão em Alhambra, cidade vizinha, onde autoridades creem que ele tinha a intenção de realizar um segundo massacre, mas foi detido por um funcionário, de 26 anos, que tomou sua arma.
As imagens da câmera de segurança obtidas pela rede ABC mostram os dois lutando no saguão do Lai Lai Ballroom & Studio.
"Por sua linguagem corporal, sua expressão facial, seus olhos, estava buscando pessoas", afirmou ao The New York Times o jovem que desarmou Tran, Brandon Tsay, cujos avós fundaram o negócio familiar.
Tsay tirou a arma do suspeito, apontou para ele e gritou "Vai, sai daqui", relatou ao jornal.
Tran fugiu e, vários quilômetros ao sul, em Torrance, já no domingo à tarde, atirou contra si mesmo dentro de uma van branca. Naquele momento, as forças de segurança estavam prestes a prendê-lo.
A polícia indicou que o motivo do ataque, que ocorreu enquanto comunidades asiáticas de todo o mundo celebravam a festividade do Ano Novo Lunar, seguia sendo um mistério.
De acordo com a CNN, Tran, que era um imigrante da China, havia conhecido sua ex-esposa há cerca de 20 anos no salão de Monterey Park, uma cidade de população majoritariamente asiática.
O casamento não durou muito e eles se divorciaram em 2006.
A ex-esposa afirmou que Tran nunca foi violento com ela, mas que se frustrava quando, por exemplo, errava um passo em uma dança.
- "Hostil" -
A CNN também entrevistou um velho amigo de Tran, que informou que em certo momento ele ia ao estúdio "todas as noites". O suspeito era "hostil com muita gente ali", acrescentou.
Segundo o canal, não ficou claro se o atirador continuava visitando regularmente o Star Dance Studio nos últimos tempos.
Tsay, que disse ao The New York Times que é um programador que trabalha vários dias da semana no salão de dança de sua família em Alhambra, afirmou que nunca tinha visto Tran antes.
Inicialmente, as autoridades temiam que o ataque fosse um crime de ódio contra os americanos de origem asiática.
"Não sabemos se isso é especificamente um crime de ódio definido pela lei", disse no domingo o xerife de Los Angeles, Robert Luna, "mas quem entra em um salão de dança e dispara contra 20 pessoas?", questionou.
Monterey Park, a poucos quilômetros do centro de Los Angeles, tem 60 mil habitantes, a maioria asiáticos ou asiáticos-americanos.
Sobre a fita policial de isolamento, no domingo, ainda estavam penduradas as decorações erguidas na cidade para o Ano Novo Lunar.
Uma das vítimas identificadas por um funcionário do condado de Los Angeles é Mymy Nhan, uma mulher de 65 anos.
"Entramos no Ano Novo Lunar com o coração partido. Nunca imaginamos que ela poderia morrer tão repentinamente", disse sua família nas redes sociais.
Anteriormente, dezenas de milhares de pessoas haviam se reunido para o festival de celebração da data, com dois dias de duração, um dos maiores da região. Os eventos previstos para o domingo foram cancelados depois do atentado.