Jornal Estado de Minas

WASHINGTON

Jihadista egípcio Saif al-Adl é o novo chefe da Al Qaeda, segundo Washington

O jihadista Saif al-Adl, ex-membro das forças especiais egípcias e que opera no Irã, é o novo chefe da rede Al Qaeda desde a morte de Ayman al-Zawahiri em 2022, informou o Departamento de Estado americano na quarta-feira (15).



Teerã classificou o anúncio nesta quinta-feira como "desinformação" e considerou "ridículo" vincular o líder da Al Qaeda ao Irã.

"Os criadores da Al Qaeda e do grupo Estado Islâmico são responsáveis pelo crescimento do terrorismo no mundo", tuitou o ministro iraniano das Relações Exteriores, Hossein Amir Abdollahian, referindo-se aos Estados Unidos.

Na véspera, em alusão a um relatório das Nações Unidas publicado na terça, um porta-voz da diplomacia dos Estados Unidos afirmou que seu país havia chegado à mesma conclusão da ONU, "ou seja, que o novo líder de fato da Al Qaeda é Saif al-Adl, baseado no Irã".

O relatório indica que a visão predominante entre os Estados-membros é que Saif al-Adl é "atualmente o líder de fato da Al Qaeda, representando a continuidade por enquanto".

Mas, de acordo com o texto, o grupo não o declarou formalmente "emir" por dois motivos: primeiro, porque é um assunto delicado para as autoridades talibãs no Afeganistão, que não reconhecem que Zawahiri foi morto pelos americanos em um ataque contra uma casa em Cabul no ano passado.



E em segundo lugar, porque Saif al-Adl está no Irã, um país de maioria xiita, enquanto a Al Qaeda é um grupo sunita.

"O local onde ele está baseado suscita dúvidas que pesam sobre as ambições da Al Qaeda com vistas a afirmar sua liderança em um movimento mundial, face aos desafios do EI (Estado Islâmico)", grupo rival, segundo o relatório da ONU.

Saif al-Adl, de 62 anos, foi tenente-coronel das forças especiais egípcias e é uma figura da velha guarda da Al Qaeda.

Ele ajudou a construir as capacidades operacionais do grupo e treinou alguns dos sequestradores que participaram dos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, de acordo com o Projeto Contra o Extremismo, uma organização internacional sem fins lucrativos e apartidária que visa a combater a ameaça crescente das ideologistas extremistas.

O novo líder da Al Qaeda está no Irã desde 2002 ou 2003 e, apesar de ter vivido em residência vigiada no início, pôde fazer viagens ao Paquistão, segundo Ali Soufan, ex-investigador do FBI.

"Saif é um dos soldados profissionais mais experientes do movimento jihadista global e carrega as marcas do combate em seu corpo", escreveu o especialista no CTC Journal em 2021.