A adesão foi menor que a da marcha de sábado. À espera de dados oficiais gerais, o sindicato CGT reportou a participação de 1,3 milhão de manifestantes em toda a França, 300.000 só em Paris (37.000, segundo a polícia).
"O dia já é um sucesso [...] O descontentamento, a determinação e a combatividade estão intactas", disse Laurent Berger, do sindicato CGT, que participou dos atos ao lado de outros líderes sindicais em Albi, no sul do país.
A nova mobilização ocorre em plenas férias escolares de inverno em grande parte da França. O objetivo é aumentar a pressão sobre os deputados, que têm até a sexta-feira para se pronunciarem sobre a reforma.
"Os representantes eleitos não podem permanecer indiferentes quando há tanta gente na rua", declarou o líder da CGT, Philippe Martinez.
Os manifestantes querem que o governo retire sua proposta de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e de adiantar para 2027 a exigência de contribuir 43 anos (e não 42 como agora) para receber uma aposentadoria integral.
A maioria dos franceses - dois em cada três, de acordo com as pesquisas - se opõe à reforma. Em 31 de janeiro, foi registrada a maior manifestação contra uma reforma social em três décadas, reunindo entre 1,27 milhão e 2,8 milhões de pessoas.
Apesar disso, o presidente liberal Emmanuel Macron está determinado a continuar, argumentando que seu plano evitará um déficit futuro no fundo de pensão e aproximará a idade de aposentadoria de seus vizinhos europeus.
Nesta quinta-feira, a greve afeta em menor grau o serviço ferroviário e o transporte público de Paris, que funcionam quase normalmente. Mas o aeroporto parisiense de Orly cancelou 30% de seus voos.
A greve na empresa EDF provocou uma queda na produção de energia elétrica de mais de 3.000 MW, o equivalente a três reatores nucleares, embora não tenham acontecido cortes no fornecimento.
As atenções se voltam para a Assembleia (Câmara baixa). Os sindicatos enviaram uma carta aos deputados, exceto os representantes da extrema direita, para pedir que rejeitem o adiamento da idade de aposentadoria.
Ainda não é garantido que o texto possa ser votado antes de sexta-feira, quando seguirá para o Senado. O governo optou por um procedimento polêmico que permite aplicar a reforma no final de março, caso as duas casas do Parlamento não se pronunciem.
Diante da situação, a ultradireitista Marine Le Pen anunciou uma moção de censura para que os deputados contrários à reforma se manifestem, o que não tem perspectivas de prosperar, devido ao isolamento imposto pela esquerda à bancada de extrema direita.
A partir de 7 de março, após as férias de inverno, os sindicatos preveem recrudescer os protestos, inclusive com greves prorrogáveis nos transportes ou na coleta de lixo.
EDF - ELECTRICITE DE FRANCE
PARIS