"A insegurança alimentar moderada e severa a nível nacional é de 30%", o que "representa 15,5 milhões" dos 50 milhões de habitantes da Colômbia, alertou o escritório da ONU em relatório datado em Bogotá.
"Em termos absolutos, a insegurança alimentar afeta um número maior de pessoas nas áreas urbanas", como Bogotá (1,5 milhão), Medellín (642.000), Cali (491.000), Cartagena (420.000) e Barranquilla (328.000).
Os afetados por esse problema carecem de acesso regular a alimentos nutritivos e suficientes devido à escassez de produtos ou à falta de recursos para obtê-los.
O programa também chama a atenção para o sofrimento vivido pelos moradores das áreas mais afetadas pelas disputas entre guerrilhas, grupos paramilitares, agentes do Estado e exércitos do tráfico de drogas.
Os departamentos de Córdoba (70%) e Sucre (63%), na costa do Caribe, são os mais prejudicados, seguidos de Arauca (62%), que faz fronteira com a Venezuela. "Metade" das famílias que foram vítimas do conflito sofrem com a falta de comida, acrescenta o relatório.
Entre as causas, o escritório da ONU aponta a pandemia, a perda de empregos e o "difícil acesso à terra", este último um ponto nevrálgico no conflito armado que da Colômbia, que dura mais de 60 anos e que deixa pelo menos 9 milhões de vítimas, a maioria deslocados ou mortos.
Também aponta o aumento nos preços dos alimentos (inflação de 13,1% em 2022), "os desastres relacionados com a mudança climática e, mais recentemente, a escassez de insumos devido à crise na Ucrânia".
O relatório das Nações Unidas coincide com alertas oficiais recentes sobre o agravamento da situação alimentar.
Em janeiro, a Defensoria do Povo assegurou que 308 crianças menores de cinco anos morreram de fome em 2022, o número mais alto dos últimos cinco anos. Segundo a entidade, há quase 22.000 crianças no país com "desnutrição aguda", a maior parte (4.089) na capital.
Desde que chegou ao poder em 7 de agosto, o presidente Gustavo Petro tem prometido aumentar a produção de alimentos para saciar a fome.
Cerca de 40% da população colombiana vive na pobreza, em um país castigado pelo desemprego (11,4%) e com um dos índices de informalidade mais altos da América Latina (58%).
BOGOTÁ