O líder americano chegou à capital ucraniana com o maior sigilo: a Casa Branca não revelou por qual meio ele se deslocou para lá, embora todos os líderes ocidentais o façam de trem pela Polônia.
No entanto, de acordo com Washington, a Rússia foi avisada sobre a visita de Biden várias horas antes "para evitar conflitos", segundo o conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan.
Em entrevista coletiva com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, Biden disse que entregará US$ 500 milhões em ajuda suplementar e que os detalhes serão anunciados nos próximos dias.
"Acho que é fundamental que não haja dúvida sobre o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia", enfatizou Biden.
Kiev precisa urgentemente de munições de longo alcance para sua artilharia e tanques para enfrentar uma nova ofensiva russa, bem como para reconquistar os territórios ocupados por Moscou no leste e sul do país.
Os novos carregamentos de armas prometidos por Biden são "um sinal inequívoco" de que a Rússia "não tem chances", disse Zelensky.
Zelensky agradeceu a esperada entrega dos tanques americanos Abrams, anunciada há algumas semanas após longas discussões, e insistiu na necessidade de obter munição com alcance superior a 100 quilômetros. Washington prometeu enviar, mas a quantidade e o cronograma de entrega ainda são incertos.
- "Mais que heroico" -
O presidente da Ucrânia disse nas redes sociais que a visita de seu homólogo americano foi "um sinal extremamente importante de apoio a todos os ucranianos".
"Esta conversa (com Biden) nos aproxima da vitória", disse Zelensky.
Sirenes antiaéreas soaram em Kiev durante a visita de Biden, segundo jornalistas da AFP.
Para Oksana Shylo, de 50 anos, a visita de Biden é a prova de que "os americanos estão clara e irrevogavelmente do nosso lado".
"É um bom sinal para o povo ucraniano, para a vitória da Ucrânia", concordou Vladyslav Denysenko, de 27 anos.
Os dois líderes depositaram uma coroa de flores no Muro da Memória pelos heróis caídos da guerra russo-ucraniana, nesta segunda-feira, com um hino militar tocando ao fundo e na presença de oficiais ucranianos uniformizados.
O presidente ucraniano saudou a presença de seu homólogo americano e declarou que os dois querem discutir "como vencer (a guerra) este ano".
Joe Biden expressou sua admiração pela resiliência dos ucranianos diante do invasor. "É mais do que heroico", disse ele.
O líder dos EUA insistiu que "a guerra de conquista do (presidente russo Vladimir) Putin está fracassando e que ele estava errado ao acreditar que a Ucrânia era fraca e que o Ocidente estava dividido".
O chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, garantiu que a visita de Biden provou que "ninguém mais tem medo" da Rússia.
-"Pôr fim à guerra atual"-
A Ucrânia vive uma intensificação dos combates no leste do país, onde a Rússia espera retomar a iniciativa após sofrer sérios reveses no outono.
Durante a visita, Biden também prometeu impor mais sanções à Rússia. Mas as estatísticas publicadas nesta segunda-feira sugerem que a economia russa está resistindo mais do que o esperado.
O Produto Interno Bruto (PIB) do país contraiu 2,1% em 2022, segundo a Rosstat. Em setembro, o governo havia previsto uma contração de 2,9%.
A visita ocorre depois que Washington acusou Pequim de considerar enviar armas para a Rússia.
"São os Estados Unidos, e não a China, que enviam carregamentos de armas para o campo de batalha sem parar", defendeu o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Wang Wenbin.
O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, visitou várias capitais europeias nos últimos dias.
Na Hungria, ele insistiu que a China está disposta a cooperar com Budapeste e "outros países" para "pôr fim à guerra atual" na Ucrânia.
"Queremos que as partes voltem à mesa das negociações", sublinhou, segundo tradução oficial.
Vladimir Putin está programado para fazer seu grande discurso anual para a elite política da Rússia na terça-feira, um evento que deve ser amplamente dedicado à guerra na Ucrânia.
Biden concluiu sua visita a Kiev pouco depois do meio-dia e seguirá para a Polônia, um dos principais aliados de Kiev na Europa.