"Chegamos a um veredicto", informaram os doze membros do júri ao juiz de instrução Brian Cogan, que leu as acusações contra Genaro García, declarado culpado de enviar toneladas de cocaína do México para os Estados Unidos quando era ministro de Segurança entre 2006 e 2012. Antes, de 2001 a 2006, foi diretor da Agência Federal de Investigações do México.
Os crimes imputados são participação em empreendimento criminoso continuado, formação de quadrilha para distribuir, possuir e importar cocaína e falsificação de documentos.
Depois de enunciar cada acusação, o juiz leu: "culpado". Após a leitura do resultado de três dias de deliberações, depois de quase quatro semanas de julgamento no Tribunal Federal do Brooklyn, Cogan perguntou a cada um dos 12 jurados (sete mulheres e cinco homens) se eles concordavam com o resultado. Todos eles responderam "sim".
A esposa de García Luna, Cristina Pereyra e seus dois filhos estavam presentes durante a leitura do veredicto ouvido.
García Luna, o ex-funcionário do governo mexicano de mais alto escalão a sentar no banco de réu da justiça americana, foi acusado de proteger o cartel de Sinaloa do traficante Joaquín 'El Chapo' Guzmán em troca de subornos milionários para enviar drogas para os Estados Unidos.
A promotoria o acusa de ter ajudado a introduzir cerca de 53 toneladas de cocaína nos Estados Unidos.
Para o Ministério Público, este engenheiro mecânico de 54 anos, que poderia passar o resto da vida atrás das grades, era um "sócio criminoso" do cartel de Sinaloa. Já a defesa de García Luna o classificou como a "cara da guerra" travada pelo governo do ex-presidente mexicano Felipe Calderón (2006-2012) contra o narcotráfico.
Várias das testemunhas, ex-membros proeminentes do cartel de Sinaloa, como Jesús "Rey" Zambada, Sergio Villarreal "El Grande" ou Óscar "Lobo" Valencia -que colaboram com a justiça americana em troca de sentenças reduzidas-, garantiram durante o julgamento que pagaram milhões de dólares ao réu em subornos.
Algo que também teria sido feito por Arturo Beltrán Leyva, que, segundo algumas dessas testemunhas, coletava a propina das diferentes facções para pagar mensalmente García Luna em troca de proteção.
Sem a colaboração do "mais alto escalão do governo mexicano", a "operação multimilionária" do cartel, que usava trens, aviões, navios, contêineres ou submarinos para importar toneladas de drogas da América do Sul por meio de aeroportos -principalmente da Cidade do México-, portos ou rodovias para os Estados Unidos, "teria sido impossível de realizar", estimou a procuradora Saritha Komatireddy.
A defesa, que tentou desqualificar a fiabilidade de muitas testemunhas que beneficiaram-se de redução de penas em troca de colaboração com a Justiça, argumentou que "não há provas de que García Luna tenha recebido dinheiro".