Jornal Estado de Minas

MISTÉRIO DESFEITO?

O que é a esfera metálica misteriosa que apareceu em praia no Japão, segundo oceanógrafo


A enorme esfera metálica que apareceu misteriosamente em uma praia japonesa na última semana — despertando curiosidade e até teorias da conspiração — pode não passar de uma inofensiva boia.





É o que afirma o oceanógrafo Mark Inall, da Associação Escocesa de Ciências Marinhas.

Ele conta que soube "de cara" o que era.

"É inconfundível", diz ele à BBC.

"Nós as usamos para manter instrumentos flutuando no oceano."

De acordo com ele, muitas surgem com frequência na costa da Escócia.

A esfera, de aproximadamente 1,5 metro de diâmetro, foi encontrada por um morador local na cidade costeira de Hamamatsu, a cerca de 200 quilômetros a sudoeste de Tóquio.

Apelidado de "ovo de Godzilla", o objeto gerou bastante especulação — com algumas pessoas supondo até que teria vindo do espaço sideral.

A polícia e um esquadrão antibombas foram acionados para investigar a esfera. A área chegou a ser isolada, mas exames de raio-X confirmaram que não havia perigo.



Ela agora já foi removida. E, de acordo com as autoridades locais, ficará armazenada "por um certo período de tempo" e depois será "descartada".

"Acho que todos na cidade de Hamamatsu estavam preocupados e curiosos para saber do que se tratava, mas estou aliviado porque o trabalho acabou", disse uma autoridade local à imprensa japonesa.

Embora Inall tenha dito que ficou surpreso com o fato de a esfera de metal não ter sido identificada mais rápido, ele reconhece que o público em geral não teria necessariamente como saber do que se tratava.

"Pode ser confundida com uma mina da Segunda Guerra Mundial... mas teriam pontas saindo dela", observa.

Ele explica que esses objetos podem flutuar no oceano por décadas e podem perder suas marcas e enferrujar quando chegam à praia.





Segundo ele, as boias podem se soltar de sua ancoragem durante uma tempestade forte ou ao serem puxadas por um navio de pesca de grande porte.

Muitos questionaram nas redes sociais por que as autoridades japonesas não explicaram claramente do que se tratava.

Outros manifestaram constrangimento em relação ao episódio.

"Não acredito que autoridades de um país cercado pelo oceano não reconheçam uma boia", dizia um tuíte.

"Meu Deus! É uma boia de amarração de aço, gente. Tenho vergonha de ser japonês", escreveu outro.

O escritório local de engenharia civil de Hamamatsu disse que "considera que é uma boia de fabricação estrangeira".


As autoridades chegaram a isolar a área, mas acabaram concluindo que a esfera não representava perigo (foto: Getty Images)

A resposta das autoridades japonesas à esfera de metal foi tão curiosa quanto o objeto em si.





bola misteriosa apareceu em meio a um clima de tensão geopolítica no país. Na semana passada, a imprensa local estava discutindo os desdobramentos da recente atividade de mísseis da Coreia do Norte.

No sábado (18/02), um míssil balístico intercontinental (ICBM) caiu nas águas territoriais do Japão. Na segunda-feira, a Coreia do Norte disparou dois mísseis balísticos no Mar do Japão depois que os Estados Unidos realizaram exercícios militares conjuntos com aliados do Leste Asiático.

Há também a questão dos balões espiões chineses. Na quarta-feira, autoridades japonesas e chinesas realizaram reuniões de segurança em Tóquio pela primeira vez em quatro anos, nas quais o Japão manifestou preocupação com os balões de vigilância.





Na semana passada, o governo japonês informou que pelo menos três objetos voadores não identificados avistados sobre seu território entre 2019 e 2021 eram "fortemente suspeitos" de serem chineses.

Pequim negou as acusações de espionagem e fez uma apelo a Tóquio para parar de seguir o exemplo de Washington de exagerar as ameaças chinesas.

Dada a tensão diante dos eventos geopolíticos recentes e das ameaças percebidas de países vizinhos, a enxurrada de especulações no Japão é compreensível.

"Dados os eventos recentes... consigo entender que há interesse em um objeto flutuante não identificado", diz Inall.