A descoberta dos corpos de novas vítimas levadas até a costa pela maré elevou os números da tragédia a 62 mortos, informou a Guarda Costeira. O balanço divulgado no domingo citava 59 vítimas fatais.
ONGs assumiram os cuidados de crianças que perderam os parentes quando o barco superlotado bateu em rochas a poucos metros da costa durante uma tempestade na madrugada de domingo.
"Um menino afegão de 12 anos perdeu toda a família, nove pessoas no total: os quatro irmãos e irmãs, seus pais e outros integrantes da família", afirmou Sergio di Dato, coordenador da equipe de psicólogos enviada ao local pela organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) para ajudar os sobreviventes.
Pedaços do barco foram encontrados espalhados na praia.
Os bombeiros da cidade vizinha de Cutro também participam nas buscas, com o auxílio de helicópteros.
A ONG italiana Save the Children informou no Twitter que atende sobreviventes procedentes do Afeganistão, Paquistão, Somália e Síria, incluindo vários menores de idade que viajavam com suas famílias. "Há muitos menores desaparecidos", destacou.
- "O massacre dos inocentes" -
De acordo com a ONG, os sobreviventes contaram que "durante a noite, perto da costa, ouviram um barulho forte e todos caíram na água". "Alguns afirmaram que viram os parentes caindo na água e que eles desapareceram ou morreram".
A embarcação partiu de Izmir, na Turquia, na semana passada e três responsáveis pelo tráfico de imigrantes sem documentos foram detidos. A polícia procura um quarto suspeito, informou a imprensa italiana.
A nova tragédia ocupa as primeiras páginas da imprensa italiana nesta segunda-feira. "O massacre de inocentes", afirma o jornal La Stampa, com uma fotografia dos pedaços da embarcação. "O barco ficou destruído a 100 metros da costa: o massacre de migrantes", destaca o jornal Il Corriere della Sera.
A primeira-ministra da Itália, a política de extrema-direita Giorgia Meloni, expressou "profunda dor" e declarou que é "criminoso enviar ao mar uma embarcação de apenas 20 metros com 200 pessoas a bordo e com uma previsão do tempo ruim".
A Itália, país que registrou a chegada de centenas de milhares de migrantes nos últimos anos, acusa os seus parceiros da União Europeia de falta de solidariedade na distribuição das responsabilidades por esta situação, mesmo que um grande número de migrantes não permaneça na península.
A situação geográfica da Itália faz do país um destino preferencial para os demandantes de asilo que viajam do norte da África para a Europa.
De acordo com o ministério do Interior, quase 14.000 migrantes entraram na Itália desde o início do ano, contra 5.200 no mesmo período no ano passado e 4.200 em 2021.