Mais de 87 milhões de pessoas estavam registradas para comparecer às urnas no sábado (25) para escolher seu presidente para os próximos quatro anos entre 18 candidatos.
O vencedor terá pela frente a difícil tarefa de erguer o país mais populoso da África, com 216 milhões de habitantes, assolado por uma economia em declínio, pela violência recorrente de grupos armados e pelo empobrecimento generalizado da população.
Obi, um cristão de 61 anos, obteve 46% dos votos em Lagos, capital econômica da Nigéria e reduto eleitoral do candidato Bola Tinubu, do partido governista Congresso de Todos os Progressistas (APC), de acordo com a Comissão Nacional de Eleições (Inec).
Apelidado de "Padrinho" por sua enorme influência política, Tinubu, de 70 anos, admitiu sua derrota e pediu calma, após episódios de violência em Lagos nesta segunda-feira.
"Às vezes você ganha, às vezes você perde. Devemos permitir que o processo continue sem obstáculos", declarou, em um comunicado.
Para Obi, "é uma vitória importante, porque Tinubu está em casa em Lagos", avaliou o diretor do Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD), Idayat Hassan, em Abuja.
Ex-governador de Anambra (sudeste), Obi ganhou popularidade entre os jovens urbanos com suas promessas de mudança e emergiu como um potencial rival dos candidatos dos dois partidos há mais de duas décadas no poder na Nigéria.
Pela primeira vez desde o retorno da democracia em 1999, a Nigéria pode ter uma eleição presidencial em dois turnos.
- Voto comunitário -
Apesar desta vitória, a disputa não está ganha, especialmente no norte do país, onde a taxa de participação costuma ser mais alta e onde Tinubu e o candidato do Partido Popular Democrático (PDP, oposição) Atiku Abubakar, ambos de denominação muçulmana, estão bem estabelecidos.
O voto comunitário é importante na Nigéria, que tem mais de 250 grupos étnicos, polarizados entre um norte predominantemente muçulmano e um sul de maioria cristã.
Para vencer no primeiro turno, o candidato deve ficar em primeiro lugar e obter pelo menos 25% dos votos em pelo menos 24 dos 36 estados da Nigéria e em Abuja, a capital federal. Caso contrário, um segundo turno deve ser organizado no prazo de 21 dias.
O anúncio dos resultados completos vai demorar. Ao meio-dia desta segunda-feira (horário local), a Comissão Eleitoral tinha divulgado a apuração de apenas para quatro estados: Ekiti (APC), Osun (PDP), Ondo (APC) e Kwara (APC).
A votação de sábado transcorreu com tranquilidade, apesar de alguns incidentes de segurança e problemas logísticos, que causaram atrasos.
O processo eleitoral se complicou, porém, com a transferência eletrônica dos resultados, utilizada pela primeira vez em nível nacional. A maioria dos agentes que deveriam carregar os resultados das quase 176 mil seções eleitorais em uma plataforma do Inec não conseguiu.
A lentidão no anúncio alimentou temores de manipulação de votos, com a lembrança ainda presente das acusações de fraude na convocação eleitoral anterior.
Ontem, o candidato do Partido Democrático do Povo (PDP, oposição) Atiku Abubakar, que disputa a eleição presidencial pela sexta vez, pediu à Comissão Eleitoral que anuncie os resultados o mais rápido possível e acusou alguns governadores regionais de subverterem o processo eleitoral.