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Estado de Minas BRUXELAS

Pressionados, Sérvia e Kosovo não chegam a acordo para normalizar relações


27/02/2023 20:10

As negociações entre a Sérvia e o Kosovo registaram "avanços", nesta segunda-feira (27), mas será necessário um novo encontro entre os líderes dos dois países para normalizar as relações, informou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

"Hoje houve progresso, mas ainda há trabalho a ser feito para garantir que o que foi acordado seja implementado", declarou Borrell após uma reunião com o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, e o primeiro-ministro de Kosovo, Albin Kurti.

A União Europeia (UE) apresentou às duas partes um plano que é estritamente confidencial e que visa resolver as divergências entre os países.

Ambos os líderes concordaram em colocar em prática o acordo proposto pela União Europeia, mas as modalidades para sua implementação ainda não foram negociadas, disse Borrell.

Uma nova reunião será organizada para esse fim em março e o enviado da UE, Miroslav Lajcak, viajará a Belgrado e Pristina para continuar as negociações, explicou Borrell.

O conflito entre sérvios e kosovares tem origem na sangrenta guerra na década de 1990 na ex-Iugoslávia.

Em 2008, Kosovo declarou sua independência da Sérvia, algo que o governo sérvio nunca reconheceu.

A tensão atingiu níveis preocupantes nos últimos anos e, por isso, a UE decidiu aumentar a pressão diplomática para evitar um novo conflito.

- Pressão crescente -

"Acredito que estamos no caminho certo para a normalização das relações com a Sérvia", reagiu Kurti. No entanto, o líder da ex-província sérvia indicou que não assinou o acordo "porque a outra parte não estava pronta para fazê-lo".

"Eu expressei minha vontade e meu interesse em assinar o texto. É lamentável não ter sido assinado esta noite porque estávamos de acordo", acrescentou.

O presidente sérvio garantiu no Instagram que o encontro "foi difícil, como previsto", e que não houve "capitulação".

"É bom que tenhamos conversado e acredito que poderemos superar os movimentos unilaterais que colocariam em perigo a segurança das pessoas sobre o terreno", declarou após a reunião.

O presidente acrescentou, porém, que ainda não existe um "roteiro" e que é preciso trabalhar nisso.

Vucic admitiu recentemente forte pressão internacional para fechar um acordo com Kosovo e evitar outro conflito no coração da Europa, mas também internamente para não ceder ao reconhecimento da independência kosovar.

Ao iniciar sua viagem a Bruxelas nesta segunda-feira, Vucic disse aos repórteres que "não haverá capitulação, não voltaremos aos anos 90", referindo-se à década em que toda a região mergulhou em um conflito sangrento.

Kurti declarou ao parlamento de Kosovo na semana passada que o acordo atualmente em andamento abriria caminho para a entrada do território em várias instituições internacionais, um objetivo há muito buscado por seu governo.

- Preocupações da UE -

Em meio a preocupações generalizadas sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia, a UE tenta desesperadamente evitar um novo conflito.

Além disso, as instituições europeias não escondem sua preocupação com a proximidade entre a Sérvia e a Rússia e mostram-se determinadas a impedir que Moscou use o problema de Kosovo para dividir ainda mais a Europa.

Na sexta-feira, um alto funcionário da UE disse a repórteres que a Rússia tentava ativamente atrapalhar as negociações entre os dois lados.

Kosovo continua sendo uma obsessão para grande parte da população sérvia, que considera o território como sua pátria legítima onde batalhas cruciais foram travadas ao longo dos séculos.

Kosovo é o lar de cerca de 120.000 sérvios, muitos dos quais permanecem leais a Belgrado, especialmente nas áreas do norte, perto da fronteira com a Sérvia, onde há frequentes tumultos, manifestações e violência ocasional.


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