(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas BRUXELAS

Pressionados, Sérvia e Kosovo não chegam a acordo para normalizar relações


27/02/2023 21:25

As negociações entre a Sérvia e o Kosovo registaram "avanços", nesta segunda-feira (27), mas será necessário um novo encontro entre os líderes dos dois países para normalizar as relações, informou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

"Hoje houve progresso, mas ainda há trabalho a ser feito para garantir que o que foi acordado seja implementado", declarou Borrell após uma reunião com o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, e o primeiro-ministro de Kosovo, Albin Kurti.

A União Europeia (UE) apresentou às duas partes um plano que visa resolver as divergências entre os países e que foi divulgado por Borrell após a reunião.

O plano de onze pontos estipula que "a Sérvia não irá se opor à adesão de Kosovo a uma organização internacional", uma reivindicação-chave de Pristina, e que "nenhuma das partes bloqueará nem incentivará o bloqueio de progresso da outra parte em seu caminho europeu".

Também propõe acordar "um nível adequado de autogestão para a comunidade sérvia no Kosovo (...) e a possibilidade de apoio financeiro da Sérvia".

Este é um ponto sensível para Kosovo, que reluta em permitir que suas cidades de maioria sérvia se juntem a uma parceria apoiada por Belgrado que poderia minar sua soberania.

O artigo 1º do plano estabelece que "as partes reconheçam mutuamente seus documentos e símbolos nacionais, incluindo passaportes, diplomas, placas e carimbos alfandegários".

- Pressão crescente -

Ambos os líderes concordaram em colocar em prática o acordo proposto pela União Europeia, mas as modalidades para sua implementação ainda não foram negociadas, disse Borrell.

Uma nova reunião será organizada para esse fim em março e o enviado da UE, Miroslav Lajcak, viajará a Belgrado e Pristina para continuar as negociações, explicou Borrell.

O conflito entre sérvios e kosovares tem origem na sangrenta guerra na década de 1990 na ex-Iugoslávia. Em 2008, Kosovo declarou sua independência da Sérvia, algo que o governo sérvio nunca reconheceu.

A tensão atingiu níveis preocupantes nos últimos anos e, por isso, a UE decidiu aumentar a pressão diplomática para evitar um novo conflito.

"Acredito que estamos no caminho certo para a normalização das relações com a Sérvia", reagiu Kurti. No entanto, o líder da ex-província sérvia indicou que não assinou o acordo "porque a outra parte não estava pronta para fazê-lo".

Já o presidente sérvio garantiu no Instagram que o encontro "foi difícil, como previsto", e que não houve "capitulação".

"É bom que tenhamos conversado e acredito que poderemos superar os movimentos unilaterais que colocariam em perigo a segurança das pessoas sobre o terreno", declarou após a reunião.

O presidente acrescentou, porém, que ainda não existe um "roteiro" e que é preciso trabalhar nisso.

Vucic admitiu recentemente forte pressão internacional para fechar um acordo com Kosovo e evitar outro conflito no coração da Europa, mas também internamente para não ceder ao reconhecimento da independência kosovar.

Kurti declarou ao parlamento de Kosovo na semana passada que o acordo atualmente em andamento abriria caminho para a entrada do território em várias instituições internacionais, um objetivo há muito buscado por seu governo.

- Preocupações da UE -

Em meio a preocupações generalizadas sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia, a UE tenta desesperadamente evitar um novo conflito.

Além disso, as instituições europeias não escondem sua preocupação com a proximidade entre a Sérvia e a Rússia e mostram-se determinadas a impedir que Moscou use o problema de Kosovo para dividir ainda mais a Europa.

Na sexta-feira, um alto funcionário da UE disse a repórteres que a Rússia tentava ativamente atrapalhar as negociações entre os dois lados.

Kosovo continua sendo uma obsessão para grande parte da população sérvia, que considera o território como sua pátria legítima onde batalhas cruciais foram travadas ao longo dos séculos.

Kosovo é o lar de cerca de 120.000 sérvios, muitos dos quais permanecem leais a Belgrado, especialmente nas áreas do norte, perto da fronteira com a Sérvia, onde há frequentes tumultos, manifestações e violência ocasional.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)