- Armas para a Rússia? -
Desde o início dos conflitos, a China apresentou neutralidade, no entanto, manteve relações próximas à Moscou.
Empresas estatais do país mais populoso do mundo venderam drones não letais e outros equipamentos à Rússia e Ucrânia, e Moscou recorreu ao Irã para conseguir armas.
Mas os Estados Unidos acreditam que isto pode mudar. O secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou em fevereiro que a China está "considerando fornecer apoio letal" à Rússia.
A alegação foi rapidamente rechaçada por Pequim, que, por sua vez, acusou Washington de "provocar" a guerra com seus envios maciços de armas ao governo ucraniano.
Embora os EUA não tenham apresentado provas concretas desta acusação, especialistas disseram à AFP que esta teoria seria parcialmente plausível, já que uma eventual entrada de Pequim no conflito poderia mudar o cenário da guerra.
- Proposta chinesa -
No último ano, a China recebeu inúmeros apelos do Ocidente para condenar a guerra na Ucrânia, o que não foi feito até o momento.
Apesar disso, Pequim se ofereceu para mediar os conflitos e apresentou, na semana passada, um documento com 12 pontos para alcançar a paz, que inclui o respeito à soberania territorial dos dois países.
A proposta convoca as nações envolvidas a "apoiar a Rússia e a Ucrânia a trabalharem na mesma direção e retomarem o diálogo direto o mais rápido possível".
Contudo, o documento, elogiado pela ONU e Rússia, foi recebido com ceticismo pelos aliados da Ucrânia.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que Pequim "não tem muita credibilidade porque não condenou a invasão ilegal da Ucrânia".
Para Bonnie Glaser, diretora do Programa para a Ásia do German Marshall Fund, o documento é "em grande parte um resumo dos pronunciamentos da China no último ano", analisou à AFP.
"Pequim ainda afirma que a Otan é a causa da guerra e se recusa a condenar a invasão russa", disse ela.
- Encontros com aliados de Putin -
Enquanto Pequim defende sua neutralidade, o presidente chinês, Xi Jinping, se reúne esta semana com seu homólogo de Belarus, Alexander Lukashenko.
Sendo um dos poucos aliados confiáveis do presidente russo, Vladimir Putin, Lukashenko poderia dar a Pequim uma atualização sobre a situação na Ucrânia e, possivelmente, influenciar a estratégia da China sobre o assunto.
As relações econômicas entre os dois países vinham se fortalecendo até que a pandemia e a ofensiva russa atingiram a cadeia produtiva e a economia mundial.
Belarus foi utilizada pela Rússia como base de retaguarda para a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.
- Diálogo com Zelensky? -
Quando a invasão russa completou um ano, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, expressou o desejo de se reunir com Xi Jinping para abordar as propostas da China para solucionar o conflito.
"Eu realmente quero acreditar que a China não fornecerá armas à Rússia", disse Zelensky.
No entanto, o Ministério de Relações Exteriores chinês não deu detalhes sobre um possível encontro deste gênero, limitando-se a observar que "se mantêm as comunicações com as partes relevantes".
Zelensky viu com bons olhos a proposta chinesa, assim como o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
O presidente ucraniano poderia aproveitar esse encontro para pedir a Pequim que use sua influência sobre Moscou para resolver o conflito.
Contudo a China não deu sinais de tais intenções, disse à AFP Elizabeth Wishnick, pesquisadora do Weatherhead East Asian Institute.
"Pelo contrário, [Xi] está considerando uma visita a Moscou e está repetindo a propaganda russa sobre a responsabilidade dos Estados Unidos e da Otan na guerra", disse ela.
PEQUIM