Esse "acidente ferroviário terrível não tem precedentes" e será "investigado a fundo", prometeu o premier em pronunciamento na TV.
O choque entre um trem de passageiros que fazia o trajeto Atenas-Tessalônica e um comboio de carga aconteceu por volta da meia-noite de ontem, no centro do país. Mais de 50 pessoas permanecem internadas, seis delas na UTI, segundo os bombeiros. Ainda há desaparecidos.
Autoridades decretaram luto nacional de três dias. O ministro dos Transportes, Kostas Karamanlis, renunciou horas após a tragédia: "Quando algo tão trágico ocorre, não podemos continuar como se nada tivesse acontecido."
Em Atenas, a polícia dispersou um protesto depois que manifestantes lançaram pedras contra escritórios da operadora ferroviária Hellenic Train.
- Sem sistema de segurança -
O trem de passageiros transportava mais de 350 pessoas, e os dois comboios circularam "por vários quilômetros" pela mesma via, por motivo desconhecido, informou o porta-voz do governo, Yiannis Oikonomou.
Devido à violência da colisão, as locomotivas e os vagões da frente foram pulverizados, fazendo com que os dois maquinistas morressem na hora.
A colisão ocorreu na saída de um pequeno túnel por onde passa uma rodovia que liga Atenas a Tessalônica. O diretor da estação de Lárissa, 59, foi preso horas após o acidente, acusado de homicídio por negligência.
Sindicalistas ferroviários, no entanto, sugeriram que o chefe da estação seria um bode expiatório, uma vez que as falhas de segurança da ferrovia são conhecidas há anos.
O presidente do sindicato de maquinistas de trens OSE, Kostas Genidounias, visitou o local do acidente e destacou a falta de segurança na linha que liga as duas principais cidades gregas. "Toda (a sinalização) é feita manualmente. Desde o ano 2000 os sistemas não funcionam", reclamou à rede Ert.
- 'Grande terremoto' -
Imagens mostraram vagões carbonizados em um emaranhado de metal e janelas quebradas. Outros vagões menos danificados tombaram e equipes de emergência usavam escadas para tentar resgatar os sobreviventes.
"Nunca vi nada assim, é trágico. Cinco horas depois, encontramos corpos", relatou um socorrista.
O presidente da União de Médicos de Lárissa, Konstantinos Giannakopoulos, explicou que o trabalho dos bombeiros e socorristas é bastante difícil. Eles enviaram guindastes enormes ao local do acidente para tentar remover os escombros.
"Tivemos que quebrar as janelas com nossas malas e conseguimos sair", disse um passageiro à rede de televisão Skai. "Sentimos a colisão como um grande terremoto", disse à AFP Angelos, um passageiro de 22 anos.
"Felizmente, estávamos no penúltimo vagão e saímos vivos. Houve um incêndio nos primeiros vagões e o pânico se instalou. Vivemos um pesadelo (...). Ainda estou tremendo", acrescentou.
O ministro da Saúde da Grécia, Thanos Plevris, disse que "a maioria dos passageiros eram estudantes" que retornavam para Tessalônica após um feriado. Cerca de 500 pessoas participavam dos resgates, segundo o porta-voz do governo.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, expressou suas condolências no Twitter. "Chocado com a notícia e as imagens da colisão de dois trens", publicou.