Jornal Estado de Minas

QUITO

MP do Equador pede prisão domiciliar de ex-presidente Lenín Moreno por corrupção

O Ministério Público do Equador solicitou, na sexta-feira (3), a prisão domiciliar do ex-presidente Lenín Moreno, o qual acusa, junto a outras 36 pessoas, de corrupção por supostamente receber propina de uma empresa chinesa em troca de um contrato para construir a maior hidrelétrica do país.



A procuradora-geral da República, Diana Salazar, pediu "a prisão preventiva de todos os investigados; contudo, como 14 deles têm mais de 65 anos (...) pede-se a prisão domiciliar", como no caso de Moreno, disse a entidade no Twitter.

O ex-presidente tem 69 anos e usa cadeira de rodas após ser baleado durante um assalto em 1998.

As 37 pessoas investigadas, entre elas familiares de Moreno, "teriam recebido cerca de 76 milhões de dólares em propina", que, segundo o MP, é "o montante mais alto judicializado por atos de corrupção no Equador".

A suposta rede de corrupção operou de 2009 a 2018 em torno da construção do projeto hidrelétrico Coca-Codo Sinclair, cujos custos alcançaram 2,35 bilhões de dólares (mais de 12 bilhões de reais na cotação atual) e ficou a cargo da empresa chinesa Sinohydro.

Durante o governo socialista de Rafael Correa (2007-2017), condenado a oito anos de prisão por corrupção, Moreno foi vice-presidente durante os primeiros seis anos, e depois foi eleito presidente para o período 2017-2021.

Desde 2021, Moreno, que nega as acusações, ocupa o cargo de comissário da Organização dos Estados Americanos (OEA) para Assuntos de Deficiência, no Paraguai.



Moreno, sua esposa, filha, irmãos e cunhadas também são citadas nas investigações, assim como seu amigo Conto Patiño, sua família e funcionários de sua empresa, através da qual era distribuída a propina.

"Não tenho, nem tive nenhuma responsabilidade na contratação da obra" Coca-Codo Sinclair, afirmou o ex-presidente em um comunicado publicado em 22 de fevereiro no Twitter.

"Vou me defender com absoluto apego à verdade" para que "não reste a menor dúvida de minha inocência e da minha família", frisou o ex-governante.

Segundo o Ministério Público, a família de Moreno teria recebido cerca de 660 mil dólares (cerca de 3,43 milhões de reais) da rede de corrupção. Para apurar o valor, as autoridades investigaram os dados bancários da empresa Ina Investment, ligada a Moreno, por meio da qual foi feita a compra de um apartamento na Espanha e móveis para uma casa na Suíça.

No ano passado, o Ministério Público abriu um inquérito contra Moreno por suposto peculato relacionado a peças supostamente desaparecidas do Palácio Carondelet, sede do governo federal.