O jovem Jonatan Ulises, de 21 anos, que estuda no Centro Universitario de Ciencias de la Salud (CUCS), em Guadalajara, no México, viralizou nas redes sociais após publicar dois vídeos nos quais acusa sua colega, Dariana, de não ajudar na execução de um trabalho. Até o fechamento desta reportagem, as imagens já ultrapassavam 75 milhões de visualizações no perfil de Jonatan no TikTok.
Apesar do sucesso nas redes sociais, muitos internautas questionaram a veracidade do vídeo, que foi gravado na última quarta-feira (1º/3). Em conversa com a reportagem do Estado de Minas, o estudante garante que foi tudo real e – apesar da exposição – afirma manter uma boa relação com Dariana, que tem 23 anos. “Nós nos damos muito bem. Estamos acostumados a pegar pesado uns com os outros. Então, é algo que está normalizado entre nós”, conta.
Além do sucesso repentino no mundo virtual, o jovem contou à reportagem que o vídeo no qual expõe Dariana lhe rendeu até alguns “fãs”. “Às vezes, quando identificam que sou eu o rapaz do vídeo, chegam a pedir fotos aqui na escola”, afirma Jonatan, pontuando que foi pego de surpresa com a repercussão. “Eu realmente não esperava que fosse tomar essa proporção. Foi chocante ver como chegou a tantos milhões de pessoas”, finaliza.
Doutor em Educação comenta o caso
O professor Roney Polato, doutor em Educação pela UFJF, pontua que embora o trabalho em grupo seja uma prática muito comum, ele nem sempre é “objeto de planejamento e discussão”.
“Esse tipo de atitude [exposta no vídeo que viralizou] na dinâmica da atividade pode ocorrer quando as intercorrências não são abordadas previamente ou quando os estudantes não são estimulados a debater sobre todas as questões que envolvem trabalhos em grupo.”
Como observa Polato, não é possível avaliar pelo extrato de vídeo publicado a condução do professor. “Também não se tratar de fazer acusações. Porém, podemos dizer que a situação poderia ter sido evitada, caso o trabalho em grupo fosse considerado não apenas uma atividade corriqueira, mas um momento importante de trabalho, sendo incluído entre os objetivos procedimentais e atitudinais da abordagem pedagógica”, explica o professor, que leciona na Faculdade de Educação e no programa de pós-graduação da UFJF.
Ainda conforme o professor, o impacto da situação é negativo, “porque é um tipo de aprendizagem que não conduz a uma problematização mais aprofundada dos conflitos e negociações inerentes à convivência humana e à construção de relações respeitosas na escola”. Segundo ele, trabalhos em grupos necessitam ser encarados como um exercício pedagógico, com objetivos bem definidos.
“Para que nossos objetivos incluam um aprendizado mais ativo e dinâmico, no qual a centralidade se desloca do professor para a relação entre ele e o estudante, com maior protagonismo deste, então precisaremos lidar com a proposta de trabalhar em grupos como uma parte do que se aprende na escola, como um dos nossos objetivos. Por mais que se encontrem na sua realização, o trabalho em grupo demonstra ser uma atividade significativa nesse sentido de proporcionar trocas de ideias, debates e construção conjunta do conhecimento”, finaliza.