Uma multidão vestida e pintada de roxo percorreu o centro de Madri com cartazes que diziam: "o contrário do feminismo é a ignorância", por ocasião do Dia Internacional da Mulher.
O governo em Madri estimou os participantes em quase 30.000, mas os organizadores elevaram esse número para 700.000.
Esta manifestação "me dá muita força, muita esperança e muita energia para continuar lutando por direitos iguais para todas", disse à AFP Mariam Ferradas, uma auxiliar de cozinha de 52 anos, que lembrou que suas avós "lutaram" por "liberdades que agora querem nos tomar de volta".
Outras grandes cidades foram cenário de marchas multitudinárias, como Barcelona, onde uma grande faixa indicava uma "greve feminista contra o sistema cis-heteropatriarcal, racista e capitalista".
Em 2004, a Espanha aprovou uma lei pioneira sobre a violência de gênero.
Oito de março é um dia de grandes reivindicações no país desde 2018, quando uma greve "feminista" e centenas de milhares de pessoas marcharam por Madri.
O governo liderado pelo socialista Pedro Sánchez, em coalizão com o partido de esquerda radical Podemos, se encontra dividido pela reforma de uma lei sobre agressões sexuais.
A lei, chamada "só o sim é sim", em vigor desde outubro, era uma promessa da esquerda para responder à indignação provocada pelo caso "La Manada", um estupro coletivo durante as festas de São Firmino, em Pamplona (norte), em 2016.
Porém, a reforma trouxe a redução das penas em alguns casos de violência sexual. Mais de 700 condenados tiveram seus anos de prisão reduzidos e mais de 70 foram soltos, segundo dados judiciais.
Na terça-feira, os socialistas conseguiram, com o apoio da direita, aprovação no Parlamento para reformar essa lei. Já o Podemos votou contra e acusou seus aliados socialistas de "traírem" o movimento feminista.
Outra lei recente, que permite mudar livremente de gênero a partir dos 16 anos, também divide o movimento, que convocou manifestações em separado em Madri, uma delas organizada por uma plataforma de oposição à "lei trans".
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