Jornal Estado de Minas

LONDRES

Ex-CEO da Shell teve aumento de salário de 53% após invasão da Ucrânia

O ex-CEO da Shell, Ben van Beurden, viu seu salário disparar para US$ 11,5 milhões (em torno de R$ 59 milhões) após o início da guerra na Ucrânia, que impulsionou os preços da energia e os lucros das grandes petrolíferas.



A remuneração total do executivo, que renunciou em 31 de dezembro e foi substituído por Wael Sawan, foi 53% maior em 2022 do que no ano anterior, entre salário e bônus, segundo o relatório anual do grupo publicado nesta quinta-feira (9).

Com o aumento do preço do petróleo no ano passado, a Shell registrou lucro líquido de US$ 42,3 bilhões (cerca de R$ 222 bilhões), mais que o dobro de 2021, o maior já registrado pela empresa.

A ONG anticorrupção Global Witness observou que o salário de Van Beurden era 294 vezes maior que o salário médio do Reino Unido.

"O fato de a Shell e outras empresas petrolíferas terem obtido lucros recordes com a crise energética, que está forçando as famílias a escolherem entre aquecer suas casas ou colocar comida na mesa, mostra como o nosso sistema de energia está falido", declarou a organização.

A Global Witness insta ao Governo britânico, na apresentação do orçamento da próxima semana, que adote um imposto único "tendo em conta os bônus dos altos executivos" para financiar a transição a "fontes locais de energia renovável que sejam mais limpas, baratas e melhores para a segurança energética".



Bernard Looney, diretor-geral da BP, gigante britânica do petróleo e gás, também receberá um bônus único de US$ 13,5 milhões (aproximadamente R$ 69 milhões) como resultado da alta do petróleo, segundo o jornal The Times.

Tanto a BP quanto a Shell recentemente retiraram seu foco da neutralidade do carbono em busca de lucratividade e visando atrair investidores, o que não agradou os ambientalistas.

"A Shell é uma grande empresa e estamos mudando para garantir que também seja um grande investimento", disse o atual CEO da Shell no relatório anual.

"Sustentabilidade sem lucratividade prejudica nosso apoio aos acionistas e nossa capacidade financeira de participar significativamente da transição energética", acrescentou.

BP