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Estado de Minas MÉXICO

Presidente mexicano pede ajuda para que Israel entregue 'torturador'


14/03/2023 17:59

O presidente Andrés Manuel Lópes Obrador pediu à comunidade judaica no México para interceder diante de Israel para que Tel Aviv entregue Tomás Zerón, ex-chefe policial investigado pelo desaparecimento de 43 estudantes de uma escola de Ayotzinapa em 2014.

"Peço aos nossos amigos da comunidade judaica do México que nos ajudem para informar, para sensibilizar as autoridades de Israel (...) para que este senhor, como solicita a promotoria, seja enviado ao nosso país", declarou López Obrador em sua coletiva de imprensa diária.

"O governo de Israel não pode dar proteção a um torturador", acrescentou o presidente, ao recordar de sua insistência perante a Tel Aviv para que Zerón responda por essa e outras acusações.

Zerón foi chefe da Agência de Investigação Criminal da Promotoria Geral e um dos encarregados de investigar o desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa (sul), ocorrido em setembro de 2014.

No entanto, após ser acusado de manipular os interrogatórios e de sequestrar e torturar testemunhas, Zerón fugiu do México e, em 2020, foi localizado em Israel.

López Obrador acrescentou que mesmo que não haja um acordo de extradição com o governo de Israel, é possível "encontrar um mecanismo" para que Zerón seja entregue à justiça mexicana.

O presidente lembrou que funcionários mexicanos viajaram a Israel para tratar do tema e que, em 2021, enviou uma carta ao então primeiro-ministro Naftali Bennett, porém não obteve resposta.

Zerón é um dos artífices da chamada "versão histórica" do caso apresentada em janeiro de 2015 pelo governo de Enrique Peña Nieto (2012-2018), rejeitada pelas familiares das vítimas, especialistas independentes e pelo atual governo, pois excluía a responsabilidade dos militares.

O ex-policial também é acusado de desviar 55 milhões de dólares de fundos públicos.

Os estudantes desapareceram entre a noite de 26 e a madrugada de 27 de setembro de 2014, quando tentavam tomar ônibus na localidade de Iguala (estado de Guerrero, no sul do país) para viajar para a Cidade do México e participar de manifestações.

Foram detidos por policias locais e entregues a narcotraficantes do cartel Guerreros Unidos, acusados de cometer os assassinatos.

Segundo a versão, os criminosos teriam confundido os jovens com membros de uma facção inimiga, porém uma comissão do atual governo que investigou o caso sustenta que os bandidos - em cumplicidade com policiais e militares - buscavam recuperar drogas escondidas em um ônibus tomado pelos alunos, sem que estes soubessem de sua existência.

Até agora, só foram identificados os restos de três vítimas e permanece detido o ex-promotor geral Jesús Murillo Karam, outro dos responsáveis pela "verdade histórica".


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