A ação da instituição, considerada o ponto frágil da rede bancária na Suíça, atingiu um mínimo histórico de 1,55 franco suíço.
O presidente do Credit Suisse, Axel Lehmann, descartou que o estabelecimento precise de ajuda governamental.
"Não é um tema", afirmou ele, durante uma conferência do setor bancário na Arábia Saudita.
"Temos índices financeiros sólidos, um balanço sólido", insistiu.
Suas declarações não conseguiram, porém, acalmar os mercados.
Se as medidas das autoridades americanas e as garantias dos governos europeus sobre a solidez dos sistemas bancários após a falência do banco californiano Silicon Valley Bank (SVB) conseguiram estabilizar um pouco os mercados na terça-feira, a situação continua sendo considerada frágil.
Abalado por vários escândalos, o Credit Suisse registrou um prejuízo líquido de quase 7,3 bilhões de francos suíços (US$ 7,917 bilhões) em 2022.
Este foi o pior resultado de um banco suíço desde a crise financeira de 2008, quando a instituição registrou prejuízo superior a 8 bilhões de francos.
"Parece que cada vez mais investidores estão olhando para o CS (Credit Suisse) como o próximo dominó mais provável de cair", disse Neil Wilson, analista da Finalto.
Mas "é realmente grande demais para quebrar", acrescentou.
Ao contrário do SVB, o estabelecimento suíço é um dos 30 bancos internacionais considerados "grandes demais" para que se deixe entrar em falência, o que também impõe-lhe regras mais rígidas para resistir, em caso de fortes choques.
- Acúmulo de reveses -
O colapso das ações do banco suíço se acelerou, após a recusa de seu principal acionista, o Banco Nacional Saudita, a ampliar sua participação no capital.
Questionado pela Bloomberg TV se o banco saudita poderia investir mais dinheiro, seu presidente, Amar Al Judairy, disse: "A resposta é absolutamente não, por várias razões cada vez mais simples, que são regulatórias e estatutárias".
Os sauditas possuem, hoje, 9,8% do banco suíço.
"Se passarmos de 10%, uma série de novas regras entra em vigor", alegou.
Os sauditas se tornaram os primeiros acionistas da CS durante um aumento de capital lançado em novembro para financiar uma grande reestruturação da entidade.
A legislação suíça prevê que as pessoas físicas, ou jurídicas, que detenham, direta ou indiretamente, pelo menos 10% do capital, ou do direito de voto, de um banco devem dar "a garantia de que sua influência não é susceptível de ser exercida em detrimento de uma gestão prudente e sã" do estabelecimento.
Superar esse limite de 10% no segundo maior banco suíço pode causar alvoroço no país, depois que seus acionistas já viram sua participação se reduzir após o aumento de capital e assistem à queda de seu valor.
O banco está em dificuldades há dois anos, após a falência da empresa financeira britânica Greensill, que marcou o início de uma série de escândalos que enfraqueceram o banco. Desde março de 2021, a ação perdeu mais de 83% de seu valor.
Alguns acionistas acabaram jogando a toalha, como a empresa de investimentos americana Harris Associates, um de seus apoios mais importantes e que revelou, na semana passada, ter vendido toda sua participação.
"A pressão sobre o Credit Suisse chega, em um mercado já muito nervoso", disse à AFP Jane Foley, analista do Rabobank.
CREDIT SUISSE GROUP