Jornal Estado de Minas

PARIS

Mercado de ações continua volátil, apesar da compra do Credit Suisse pelo UBS

O setor bancário continua sob pressão nesta segunda-feira (20), apesar da venda urgente do banco suíço Credit Suisse ao seu concorrente UBS, com o objetivo de tentar tranquilizar os mercados.



Depois de uma maratona de negociações que durou todo o fim de semana, o maior banco suíço, o UBS, concordou no domingo em comprar seu rival Credit Suisse a preço de banana.

A operação de resgate foi orquestrada pelas autoridades suíças temendo uma desestabilização do sistema bancário global após a falência de dois bancos nos Estados Unidos.

Os mercados asiáticos fecharam com perdas nesta segunda-feira (Hong Kong -2,7%, Tóquio -1,4%, Xangai -0,5%) e na abertura da Europa os mercados seguiram a tendência negativa.

Mas no meio-dia as ações na Europa se recuperavam e a praça de Paris ganhava 0,94%, Londres 0,40% e Frankfurt 0,68%.

Em Madri, o Ibex-35 operou em alta com avanço de 0,75% e a praça de Milão subiu 0,94%.

Por sua vez, Wall Street abriu sem uma tendência clara, com um aumento de 0,61% do Dow Jones, 0,15% para o índice S&P, mas com uma queda de 0,48% para o tecnológico Nasdaq.



O setor financeiro, que sofreu grandes perdas no início do dia, está operando no verde e as ações bancárias no índice europeu Stoxx600 subiram 0,77%.

No entanto, nos Estados Unidos, o First Republic Bank, que foi um dos bancos que mais sofreram perdas na semana passada, caiu 11% no início das operações. Após ser rebaixada pela agência de avaliação de risco S&P, a entidade aprofundou sua queda.

Em contraste, as ações dos grandes bancos americanos estavam sendo negociadas em alta, assim como as ações de entidades regionais, que monopolizam as preocupações dos investidores.

O acordo com o Credit Suisse "pode ter tido algum efeito na redução da ansiedade do mercado financeiro, mas isso pode durar pouco, já que os investidores podem estar se perguntando qual banco será o próximo a aparecer nas manchetes e pelos motivos errados", explicou Tim Waterer, analista da Kohle Capital Markets.

Por outro lado, os investidores aguardam a posição que o Federal Reserve assumirá nos Estados Unidos.

As opiniões divergem sobre se o Fed continuará aumentando as taxas, já que muitos apontam que a quebra do banco americano SVB está ligada ao aumento dos custos do endividamento no último ano.



"Os investidores ainda estão tendo dificuldades para avaliar a situação dos valores financeiros" e continuam dependendo da reunião do Fed, disse Pierre Veyret, analista da ActivTrades.

- Garantias das autoridades -

O Credit Suisse sofreu um crash da bolsa na semana passada e precisou ser assistido pelo emissor suíço. Mas, depois que essa ajuda não impediu seu colapso na bolsa, as autoridades lançaram uma negociação que terminou com a compra por seu concorrente.

O UBS concordou com a compra depois que o governo de Berna forneceu garantias e o banco central suíço, o BNS, também garantiu a liquidez.

A entidade concordou em pagar 3 bilhões de francos suíços (3,25 bilhões de dólares), um terço do que o banco valia na sexta-feira, antes da negociação.

Nas discussões, ficou estabelecido que o UBS se beneficiará de uma garantia do governo de 9 bilhões de francos suíços, como seguro, caso surjam problemas com a carteira do Credit Suisse.

Além disso, o emissor suíço colocou à disposição de ambos os bancos uma linha de liquidez de até 100 bilhões de francos suíços.

Os reguladores e o governo federal agiram sob imensa pressão dos principais parceiros econômicos da Suíça para aliviar a situação antes que ela se espalhasse para o mundo inteiro.

Os dois bancos sofreram um ataque na bolsa na abertura desta terça-feira, mas se recuperaram durante o dia.

Nesse ambiente, os grandes bancos centrais dos Estados Unidos, Suíça, Reino Unido, Canadá e Japão anunciaram que adotarão esforços coordenados para melhorar o acesso à liquidez.