Jornal Estado de Minas

RAMALLAH

Primeiro-ministro palestino denuncia 'racismo' de ministro israelense

O primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, denunciou, nesta segunda-feira (20), as declarações "incendiárias" e racistas feitas na véspera pelo ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, que negou a existência dos palestinos.



As declarações segundo as quais "não há povo palestino e que isso é uma invenção dos últimos 100 anos é uma prova irrefutável do racismo da ideologia extremista sionista do atual governo israelense", declarou Shtayyeh na abertura do conselho de ministros palestinos.

Segundo Shtayyeh, as declarações do ministro israelense são "incendiárias", especialmente porque ocorrem em um momento de aumento da violência entre palestinos e israelenses, registrada desde o início do ano.

Smotrich, um político israelense de extrema direita, declarou no domingo que "não há palestinos porque não há povo palestino" durante uma cerimônia em homenagem a Jacques Kupfer, um ativista sionista franco-israelense, em Paris.

"Depois de 2.000 anos de exílio, as profecias de Jeremias, Ezequiel e Isaías começam a se cumprir e Deus todo-poderoso reúne seu povo: o povo de Israel volta para casa após 2.000 anos de exílio e peregrinação", disse ele, segundo um vídeo do encontro, divulgado nas redes sociais.



"Há árabes por aí que não gostam, então o que eles fazem? Inventam uma cidade fictícia e reivindicam direitos fictícios sobre a terra de Israel, apenas para combater o movimento sionista", acrescentou.

Smotrich já havia provocado uma onda de indignação no início de março, quando disse que uma cidade palestina na Cisjordânia ocupada deveria ser "varrida" do mapa após a morte de dois israelenses.

Smotrich já tinha provocado uma onda de indignação no começo de março quando disse que era preciso "apagar" do mapa um povoado palestino da Cisjordânia ocupada após a morte de dois israelenses.

Em visita particular a Paris, Smotrich fez estas declarações no mesmo dia em que eram celebradas negociações no Egito para tentar atenuar as tensões e enquanto se registra uma espiral de violência entre israelenses e palestinos desde o começo do ano.

Estas palavras demonstram a "política racista e fascista" de Israel, reagiu o movimento islamita Hamas, que pediu à comunidade internacional para "se posicionar claramente contra a ocupação" israelense dos Territórios palestinos.

A ONU também condenou as declarações do ministro israelense. Farhan Haq, porta-voz adjunto do secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou que "este tipo de comentário não ajuda em nada".

Também ressaltou que a organização "continuará apoiando os direitos do povo palestino e buscará uma solução de dois Estados, um israelense e um palestino, que vivam um ao lado do outro em paz e segurança".