Jornal Estado de Minas

LONDRES

Boris Johnson admite ter enganado 'sem intenção' o Parlamento britânico sobre o partygate

O ex-primeiro-ministro conservador britânico Boris Johnson admitiu nesta terça-feira (21) que "sem querer" enganou o Parlamento ao afirmar que as festas realizadas em Downing Street durante os confinamentos não violavam as regras anticovid, mas alegou ter agido de boa fé.



Johnson foi forçado a renunciar no verão passado (hemisfério norte, inverno no Brasil) devido a uma série de escândalos, incluindo o conhecido como "partygate", devido às múltiplas reuniões sociais realizadas em seus escritórios enquanto o Reino Unido vivia restrições contra a covid-19.

Agora, ele está sendo investigado para determinar se enganou intencionalmente os deputados ao lhes dizer em dezembro de 2021 que as regras foram "respeitadas em todos os momentos".

Se a investigação concluir que Johnson mentiu para a Câmara dos Comuns, isso pode custar a ele sua cadeira de deputado e até mesmo sua carreira política.

Johnson irá depor à comissão parlamentar que investiga a sua atuação na quarta-feira à tarde, uma audiência prevista para durar várias horas.

Um dia antes desse depoimento tão esperado, sua defesa publicou 52 páginas de "provas escritas", divididas em 110 pontos.



"Assumo total responsabilidade por tudo o que aconteceu sob minha supervisão", diz o ex-chefe de Governo na introdução.

"Agora está claro que durante vários dias houve reuniões" em Downing Street, diz ele, reconhecendo que "nunca deveriam ter ocorrido" e pedindo desculpas ao povo britânico.

Johnson admite: "É verdade que minhas afirmações ao Parlamento de que as regras foram respeitadas não eram corretas e aproveito esta oportunidade para me desculpar".

"Aceito que a Câmara dos Comuns foi induzida ao erro pelas minhas declarações", ele admite, "mas quando fiz essas declarações, fiz de boa fé e com base no que honestamente sabia e acreditava na época".

"Não enganei intencionalmente ou imprudentemente o Parlamento em 1º de dezembro de 2021, 8 de dezembro de 2021 ou em qualquer outra data", escreve ele.

Em um relatório preliminar divulgado no início de março, a comissão afirmou que as evidências coletadas "sugerem fortemente" que as violações anticovid deveriam ter sido "óbvias" para Johnson.

O ex-líder conservador já foi multado pela polícia. O atual primeiro-ministro, Rishi Sunak, na época ministro das Finanças, também foi multado por comparecer a uma breve festa de aniversário de Johnson na sala do conselho de ministros.

Uma série de revelações sobre essas festas, muitas delas regadas a álcool e outros excessos, ao longo de vários meses, irritou a opinião pública britânica, principalmente os familiares das vítimas da covid-19.