É o centro da ONG Spirit, especializada em equoterapia.
A Spirit, que também trabalha com crianças e pessoas com deficiência, usa a equitação e o contato com cavalos para fins terapêuticos.
Quando a guerra começou, a ONG passou a oferecer equoterapia aos soldados das linhas de frente por meio de um programa chamado "Espírito Guerreiro".
No hipódromo em ruínas de Kiev, seus cavalos Persik (pêssego), Kombat, Spirit e Amethyst passeiam tranquilamente e trotam com os cavaleiros.
A fundadora do centro, a psicóloga Ganna Burago, começa com os homens sentados em cadeiras dispostas em círculo.
"O primeiro passo chama-se partilha, conhecer uns aos outros", explicou Burago à AFP.
- Efeito calmante -
Depois "eles têm que escolher (um animal), estabelecer contato com ele e entender qual deles eles mais gostam".
"Projetamos nossos sentimentos no animal", acrescenta.
Um soldado pega as patas de um cachorro marrom, outros acariciam um gato ou um cão pastor.
Depois, os soldados montam nos cavalos e andam em círculos, procurando relaxar as pernas e gradualmente erguer os braços. Em seguida, se inclinam para a frente, abraçam o pescoço do cavalo e o acariciam.
"Não se esqueçam de respirar, relaxar", repete a treinadora Galyna.
Finalmente, eles aprendem a assumir as rédeas e a trotar.
"Para mim, a sessão teve um efeito calmante. Verei quais sentimentos terei mais tarde", diz um dos homens mais velhos cujo codinome é Ded, o Avô.
Burago diz que trabalha com soldados que fazem uma pausa nas linhas de frente e depois voltam para lá.
"Eles viram muitas coisas que podem causar transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Não os diagnosticamos aqui, mas seu estado psicoemocional é muito complicado", explicou.
O TEPT pode afetar pessoas que estiveram em situações de conflito, levando-as a reviver momentos de estresse emocional.
Estar com animais dá a eles a chance de ver e pensar em outra coisa.
"Nosso trabalho foca em diminuir o estresse para que a pessoa relaxe e algo diferente entre no cérebro, criando uma nova percepção da realidade", diz Burago.
"É um ambiente completamente diferente, o contato com os animais, falar de si mesmo, compartilhar as emoções e experiências. É ótimo e te recarrega para o futuro", afirma Oleg, de 35 anos, cujo codinome é Dyada, o Tio.
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