Jornal Estado de Minas

BOGOTÁ

Situação humanitária da Colômbia piorou em 2022 pelo 5º ano consecutivo, diz Cruz Vermelha

A situação humanitária na Colômbia resultante do conflito armado "piorou" pelo quinto ano consecutivo em 2022, denunciou nesta quarta-feira (22), o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que registrou em seu relatório anual um aumento de vítimas de artefatos explosivos e deslocamentos forçados.



Os confrontos entre forças do Estado e grupos armados rebeldes, que também se enfrentam entre si, deixaram 515 vítimas de "artefatos explosivos" (56 delas fatais) e pelo menos 58.010 deslocamentos forçados de dez ou mais famílias neste período.

Estes são os piores números desde que a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, marxistas) entregou as armas ao Estado em 2017, após um acordo de paz. Em 2021, os indicadores apontaram, respectivamente, 486 vítimas e 53.000 eventos, segundo o CICV.

"Infelizmente, em 2022 continuou a deterioração da situação humanitária em boa parte do país que notamos desde 2018", assinalou Lorenzo Caraffi, chefe do braço do organismo na Colômbia, durante apresentação do documento em coletiva de imprensa.

Cerca de 39.000 pessoas "ficaram confinadas pelo recrudescimento das ações armadas (...) em seu território", segundo o relatório, que também registrou 348 casos de desaparecimentos forçados em 2021.

Em um esforço para desativar o conflito de quase seis décadas no país, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro (no cargo desde agosto de 2022), lançou uma política de "Paz Total", que propõe negociações políticas com as guerrilhas de esquerda e a sujeição à lei das quadrilhas de narcotraficantes.



"O CICV saúda o diálogo de paz entre o governo colombiano e os diferentes grupos armados não estatais e espera que isso possa se transformar em fatos concretos que aliviem a população civil", expressou a organização em um boletim.

Até o momento, o governo acordou tréguas bilaterais com duas facções de rebeldes ex-Farc que se distanciaram do histórico acordo de paz, e antecipou negociações com a guerrilha do ELN, que se recusou a participar deste cessar-fogo.

O pacto de não agressão diminuiu "os enfrentamentos entre os grupos armados e a força pública (...), o que não temos visto é uma diminuição substancial na luta pelo controle territorial entre os grupos armados", explicou Caraffi.

A principal quadrilha de narcotraficantes da Colômbia, o Clã do Golfo, esteve em trégua até o domingo, quando Petro ordenou a retomada das operações ofensivas contra o cartel, alegando vários descumprimentos do cessar-fogo.

O CICV se declarou "preocupado" com as possíveis consequências humanitárias desta ruptura.