"O objetivo é desarticular uma organização criminosa que pretendia realizar ataques contra servidores públicos e autoridades, incluindo homicídios e extorsão mediante sequestro", explicou a força em nota.
Moro era um dos principais alvos dos criminosos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), confirmaram fontes da Polícia Federal à AFP.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que, além de Moro, havia policiais entre os possíveis alvos do "plano de homicídios" e que o "trabalho sério da PF salvou a vida, graças a Deus, de Sergio Moro".
Da tribuna do Senado, Moro associou o plano de ataque, do qual seria vítima, a uma "retaliação" do PCC, uma das organizações criminosas mais poderosas da América Latina.
Em 2019, quando era ministro da Justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro, Moro autorizou a transferência de Marcos Willian Herbas "Marcola" - chefe do PCC - e outros 21 membros da organização criminosa para presídios de segurança máxima.
"Minha avaliação contra o crime organizado é que ou nós enfrentamos, ou quem vai pagar não vão ser só as autoridades, mas a sociedade. Nós não podemos nos render", afirmou.
Até o momento, a Polícia Federal cumpriu 9 de 11 mandados de prisão e realiza 24 mandados de busca e apreensão na capital e nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Paraná, de onde Moro é oriundo.
A PF acrescentou na nota que "os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea, e os principais investigados se encontravam nos estados de São Paulo e Paraná".
- "Ação política" -
A operação policial foi alvo de comentários políticos, em meio ao clima de polarização no país desde as eleições presidenciais de outubro.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas urnas por Lula, vinculou o plano contra Moro à "esquerda", sem apresentar provas.
"Em 2002 Celso Daniel, em 2018 Jair Bolsonaro e agora Sergio Moro. Tudo não pode ser só coincidência", tuitou Bolsonaro, referindo-se ao ex-prefeito de Santo André assassinado e ao atentado em que foi alvo de uma facada no estômago quando era candidato à presidência.
"O poder absoluto a qualquer preço sempre foi o objetivo da esquerda", acrescentou Bolsonaro, que está nos Estados Unidos.
Os críticos de Lula também lembraram de declarações dadas na terça-feira pelo presidente.
Em entrevista ao site Brasil247, Lula contou que, quando estava na prisão, dizia querer "foder" Moro, juiz responsável por condená-lo por corrupção em 2017 por envolvimento no pagamento de propinas de construtoras a políticos em troca de contratos com a Petrobras.
"É repugnante a atuação política desta extrema direita desvairada, aloprada", reagiu Flávio Dino, criticando "pessoas irresponsáveis que, para tentar escapar de suas próprias responsabilidades, tentam, infelizmente, levar o debate político brasileiro ao nível da lama".
BRASÍLIA