Jornal Estado de Minas

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Ex-aluna mata seis pessoas em escola; atiradora foi morta pela polícia

Um ataque a tiros em uma escola cristã de Nashville, no sul dos Estados Unidos, deixou nesta segunda-feira (27) sete mortos —incluindo a suspeita, morta em confronto com a polícia.

Três das vítimas eram crianças de 9 anos: Evelyn Dieckhaus, Hallie Scruggs e William Kinney. Também foram mortos Cynthia Peak, 61, Katherine Koonce, 60, e Mike Hill, 61, além da atiradora Audrey Hale, 28, segundo comunicado da polícia da cidade.





O episódio, mais um entre os massacres em escolas no país norte-americano, aconteceu desta vez na Covenant School, instituição presbiteriana com 40 a 50 funcionários e cerca de 200 alunos que vão da pré-escola até a 6ª série.

A polícia da cidade começou a receber ligações de emergência às 10h13 desta segunda. Ao chegar no local, minutos depois, os oficiais começaram a esvaziar o primeiro andar e direcionar as crianças para uma área arborizada enquanto ouviam tiros vindos do segundo piso —onde confrontaram e mataram a atiradora em um saguão, às 10h27.

"Fui às lágrimas ao ver isso", disse o chefe da polícia da cidade, John Drake, segundo o jornal The Tennessean. "Meu coração e orações estão com as famílias das seis pessoas que ficaram tragicamente feridas", disse ele.





De acordo a polícia, a atiradora estacionou seu carro nas proximidades, o que ajudou na identificação, e pode ter acessado a escola por uma entrada lateral. Ela carregava dois fuzis semiautomáticos, um revólver e um mapa da escola. Investigações iniciais, afirma Drake, revelam que ela foi aluna da instituição e morava em Nashville. A polícia afirma ainda que a atiradora deixou um manifesto.

As três crianças foram declaradas mortas após chegarem ao hospital infantil Monroe Carell Jr., em Vanderbilt, disse em um comunicado o porta-voz do centro de saúde, John Howser.

O Corpo de Bombeiros de Nashville afirmou que atende "vários pacientes". Segundo a imprensa, dezenas de pais que foram até o local eram instruídos a se reunir em uma igreja próxima, onde davam o nome e o sobrenome de seus filhos à polícia. De acordo com Kendra Loney, do Corpo de Bombeiros, um espaço com especialistas e profissionais de saúde mental foi organizado.

O perfil da atiradora destoa do usual nesse tipo de episódio. Segundo levantamento de especialistas em justiça criminal publicado no site The Conversation, de 1980 a 1989 a média de idade dos atiradores era 39. O número foi caindo ao longo dos anos até alcançar 22 em 2020, mas a maioria dos agressores continua sendo masculina.





Apenas quatro dos 191 ataques a tiros desde 1966 catalogados pelo centro de pesquisa The Violence Project tiveram uma mulher como autora.

Ataques a tiros são comuns nos EUA, onde existem cerca de 400 milhões de armas de fogo em circulação —número maior do que o de pessoas. Um a cada três adultos possui ao menos uma arma e quase um a cada dois adultos vive em uma casa onde há uma arma.

Esse é o 129º ataque com quatro ou mais pessoas nos EUA só este ano, de acordo com a ONG Gun Violence Archive, que acompanha a violência armada no país. Em 2022, foram 647, um número que só aumenta desde 2018.

Após o anúncio das autoridades, uma sobrevivente do ataque em Highland Park durante um desfile que comemorava o 4 de Julho do ano passado, dia da independência dos EUA, fez um discurso aos repórteres. "Vocês não estão cansados de cobrir isso?", perguntou Ashbey Beasley, segundo o The Tennessean. "Como isso ainda está acontecendo? Como nossos filhos ainda estão morrendo e por que estamos falhando com eles?" Ela disse que estava de férias com a família na cidade quando soube do ataque.





Autoridades, como o senador Bill Hagerty, se pronunciaram nas redes sociais. "Estou devastado e com o coração partido pelas trágicas notícias", escreveu o republicano.

Já o prefeito de Nashville, John Cooper, expressou solidariedade às vítimas e escreveu em suas redes sociais que a cidade se juntou à "temida e longa lista de comunidades que experimentaram um ataque a tiros em uma escola".

"Temos que fazer mais para impedir a violência armada. Isso está destruindo nossas comunidades", afirmou o presidente Joe Biden sobre o episódio. "Peço novamente ao Congresso para aprovar minha proibição de armas de assalto", afirmou ele, referindo-se a uma categoria que engloba, na maioria das definições, armas de fogo semiautomáticas.

O ataque, disse ele, é "de partir o coração, o pior pesadelo de uma família". "Já é hora de começarmos a avançar mais", afirmou. O Congresso dividido, porém, dificulta a tarefa de aprovar mudanças em relação ao tema.





"Quantas crianças mais terão que ser assassinadas para que os republicanos no Congresso se levantem e ajam para aprovar a proibição de pistolas, fechar brechas em nosso sistema de verificação de antecedentes ou exigir o armazenamento seguro de armas?", afirmou a porta-voz da Casa Branca Karine Jean-Pierre.

Em 2018, um massacre em uma escola de ensino médio na Flórida desencadeou um movimento nacional liderado por jovens para exigir uma supervisão mais rigorosa das armas de fogo nos EUA. A mobilização de mais de um milhão de manifestantes, porém, ainda não desencadeou mudanças legislativas.