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Estado de Minas ASUNCIÓN

Paraguai se encaminha para eleição presidencial com governistas rachados


29/03/2023 17:30

O Paraguai vai realizar eleições presidenciais em um mês, com o governista Partido Colorado rachado por denúncias de corrupção, um cenário incerto do qual a oposição se aproveita frente ao domínio da situação, que governa o país há mais de 70 anos.

Santiago Peña, de 44 anos, é o candidato do Partido Colorado. Ele é considerado o herdeiro político do ex-presidente conservador Horacio Cartes (2013-2018), um rico empresário do setor do tabaco, atual presidente do partido e sancionado como "significativamente corrupto" pelos Estados Unidos.

Efraín Alegre, advogado de 60 anos, é o candidato do Partido Liberal. Com uma concertação de forças da oposição, Alegre tentará pela terceira vez chegar à Presidência.

- "Descalabro colorado" -

Para alguns analistas, Alegre está em seu melhor momento, em uma conjuntura em que a situação está visivelmente dividida entre os apoiadores de Cartes e os do presidente em fim de mandato, Abdo Benítez.

"O descalabro colorado é resultado da qualificação do governo dos Estados Unidos, que retirou o visto de entrada do ex-presidente Cartes e de seus familiares. A sanção, na prática, declara sua morte civil", disse à AFP a economista e catedrática Gladys Benegas.

Jorge Rolón Luna, especialista em segurança civil e direitos humanos, destacou, por sua vez, que "a difícil situação social e econômica, o avanço da violência do crime organizado e o incessante fluxo de casos de corrupção podem gerar a alternância".

Nos últimos 70 anos, só em uma ocasião o Partido Colorado ficou de fora do governo do Paraguai. Foi durante a presidência do ex-bispo de esquerda Fernando Lugo (2008-12), destituído um ano antes do fim do seu mandato.

"Os colorados têm um candidato cuja independência e autonomia estão em questão devido à sustentação e ao financiamento dados por Cartes, declarado significativamente corrupto pelo governo dos Estados Unidos", destacou Rolón Luna.

Diante destes apontamentos, Peña se defende, dizendo que "não há questionamento sobre a minha candidatura".

Os Estados Unidos "estão observando o processo eleitoral e vão trabalhar com quem for eleito em 30 de abril", declarou o candidato, após uma reunião com o embaixador americano em Assunção, Marc Ostfield.

Com uma pobreza que alcançou 27% da população em 2022 e fortes desigualdades sociais, o Paraguai teve no ano passado um crescimento de 0,1% do Produto Interno Bruto e uma inflação de 8,1%.

- Sem debate -

Sem que se tenha conseguido organizar até o momento um debate entre os dois principais candidatos, as pesquisas de opinião mostram tendências opostas.

O instituto de pesquisas GEO (Gabinete de Estudos de Opinião) atribui um favoritismo apertado a Alegre (38,9%) frente a Peña (35,2%).

Muito atrás aparecem o candidato antissistema Paraguayo Cubas (10%), o socialista Euclides Acevedo (6%) e José Luis Chilavert, ex-goleiro da seleção paraguaia de futebol, com menos de 1%.

No Paraguai, as eleições presidenciais são realizadas em um único turno.

A empresa Ati Snead Consultores prevê, ao contrário, a vitória de Peña (46,2%) sobre Alegre (38,7%).

O vencedor das eleições substituirá Abdo Benítez em 15 de agosto próximo para um mandato de cinco anos. Em 30 de abril também serão eleitos o vice-presidente, 45 senadores titulares (30 suplentes), 80 deputados titulares (mais de 80 suplentes), 17 governadores e 257 deputados estaduais.

Quase 4,8 milhões de pessoas estão habilitadas a votar em uma população de 7,5 milhões de habitantes nestas eleições que serão observadas por missões da Organização de Estados Americanos (OEA) e da União Europeia (UE).

"Alguém que não está disposto a se submeter a um debate não pode pretender ser presidente", declarou recentemente Alegre, depois que Peña condicionou sua participação em um debate presidencial à inclusão dos outros candidatos.

"Peña não tem experiência política, menos ainda liderança política. Isso é o que um debate vai evidenciar. Por isso tem tanto medo", ressaltou.


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