O dirigente espanhol, que se reunirá nesta sexta-feira (31) com o presidente chinês, Xi Jinping, em Pequim, participou do fórum econômico de Boao, na ilha de Hainan, no início de sua visita oficial ao gigante asiático.
Sánchez é o segundo líder de um país da União Europeia a viajar para Pequim desde o início da pandemia da covid-19, e o primeiro a fazer isso desde que a China apresentou uma proposta política para resolver a guerra na Ucrânia. A visita também acontece a poucos meses de a Espanha assumir, em julho, a presidência rotativa semestral do bloco.
A China nunca denunciou a invasão russa da Ucrânia, mas tenta se apresentar como um mediador neutro. O conflito foi abordado pelo próprio Xi Jinping na semana passada em Moscou em um reunião cara a cara com Putin, que elogiou, por sua vez, a proposta chinesa.
Embora Estados Unidos e União Europeia (UE) tenham se mostrado céticos sobre esse plano, Sánchez exaltou os esforços diplomáticos de Pequim, que também mediou a recente retomada das relações entre Irã e Arábia Saudita.
"A humanidade enfrenta desafios globais de escala sem precedentes: a emergência climática, a pandemia e a agressão brutal e ilegal da Rússia contra a Ucrânia", disse Sánchez na presença do primeiro-ministro chinês, Li Qiang.
"Celebro a intensificação dos contatos diplomáticos das autoridades chinesas com líderes de todo o mundo. Reflete um alto grau de responsabilidade", afirmou.
A esse respeito, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, advertiu nesta quinta-feira que a posição da China sobre a guerra na Ucrânia será decisiva no futuro de sua relação com a UE.
"Precisamos ser francos. A maneira como a China continuar interagindo com a guerra de Putin será um fator determinante para o futuro das relações UE-China", disse Von der Leyen antes de sua viagem à China, na próxima semana, com o presidente francês, Emmanuel Macron.
Nessa visita, "vamos lembrar que é essencial se abster de qualquer ação que permita à Rússia manter seu esforço de guerra", disse a ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, durante uma visita à Lituânia.
Segundo ela, "todos os países estão interessados (...) em que a agressão russa fracasse".
O dirigente espanhol, que acaba de participar de uma cúpula europeia em Bruxelas e da Cúpula Ibero-Americana na República Dominicana, garantiu que, em todos estes encontros, ouviu "o mesmo anseio pela paz, estabilidade e prosperidade".
"Ninguém quer fragmentação econômica, ou guerra", disse ele.
- Influência crescente -
Embora o convite de Xi responda ao 50º aniversário do estabelecimento das relações bilaterais, Sánchez disse, na semana passada, que um dos objetivos da viagem era trocar opiniões sobre a situação na Ucrânia.
Sua presença no gigante asiático responde também a uma tentativa de mostrar a influência internacional de Madri, no momento em que se prepara para assumir a presidência rotativa da União Europeia, em julho.
Após "anos de perda de influência na Europa", o governo espanhol tem mostrado, ultimamente, "uma atitude muito mais pró-ativa, com mais capacidade de defender posições, de apresentar ideias" a Bruxelas, comentou Raquel García, especialista em política europeia da Espanha no Real Instituto Elcano, de Madri.
Em Hainan, Sánchez defendeu a cooperação entre China e UE e garantiu que suas relações "não precisam ser beligerantes".
Ele alertou, contudo, que vão continuar a "defender os valores, princípios e pontos de vista europeus".
"Não vamos ceder nisso", frisou.