Jornal Estado de Minas

PEQUIM

Em visita à China, Sánchez pede a Xi que fale com líder ucraniano

O chefe de Governo espanhol, Pedro Sánchez, pediu ao presidente chinês, Xi Jinping, que converse em breve com o líder ucraniano, Volodimir Zelensky, durante uma visita a Pequim, nesta sexta-feira (31), para impulsionar as relações bilaterais e abordar a questão da guerra.



Em uma reunião com Xi no Grande Salão do Povo em Pequim, Sánchez se interessou pela proposta apresentada pela China para resolver o conflito, mas convidou seu interlocutor a levar a opinião de Kiev em consideração.

"Encorajei o presidente Xi a ter uma conversa com o presidente Zelensky para conhecer, em primeira mão, o plano de paz do governo ucraniano", disse ele em entrevista coletiva na embaixada da Espanha.

Organizada para o 50º aniversário das relações diplomáticas entre Madri e Pequim, a visita buscou relançar as trocas bilaterais, assim como abordar questões geopolíticas como a guerra na Ucrânia.

A China nunca denunciou a invasão russa, mas tenta se apresentar como um mediador neutro. Nesse sentido, divulgou em fevereiro 12 pontos para uma resolução política, pedindo diálogo e defendendo a integridade territorial.

À época, Zelensky saudou o envolvimento chinês e pediu para discuti-lo com o presidente Xi.

O líder chinês viajou para Moscou na semana passada, para um encontro com o presidente russo, Vladimir Putin. Este último elogiou a iniciativa de Pequim, mas ainda não respondeu ao pedido de Kiev para uma reunião, disse Zelensky.



Ainda neste tema, Sánchez enfatizou "a importância de que a Ucrânia, como Estado livre e soberano que é, seja quem vai decidir sobre as questões que a afetam".

O chefe de Governo da Espanha também reconheceu "o esforço do governo chinês para se posicionar", em particular, ao defender o respeito à integridade territorial e ao rejeitar o uso, ou a ameaça de uso, de armas nucleares.

-"Enfraquecer a União Europeia" -

Sánchez é o segundo líder de um país da União Europeia a viajar para Pequim desde o início da pandemia e o primeiro desde que a China apresentou sua proposta para a Ucrânia.

Além disso, é a segunda reunião em poucos meses de ambos os líderes, depois da cúpula do G20 na ilha indonésia de Bali em novembro.

Lá, o chefe de Governo espanhol instou Xi a "utilizar sua influência como potência estabilizadora para pôr fim à guerra".

Citado pela agência estatal Xinhua, Xi destacou que a posição da China era consistente e clara. Também insistiu em deixar para trás a "mentalidade da Guerra Fria" e o conflito entre blocos, assim como as "sanções e pressões extremas".



Na próxima semana, viajarão para o gigante asiático o presidente francês, Emmanuel Macron, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que também pretendem abordar a questão da guerra com Xi.

Como já fez em um fórum econômico na ilha de Hainan, Sánchez condenou "a agressão ilegal de Putin", que considerou "uma ameaça deliberada" para "enfraquecer a União Europeia".

Em pleno ano eleitoral, Sánchez tenta demonstrar a influência internacional da Espanha, que em julho assumirá a presidência rotativa da União Europeia.

Durante este mandato, o dirigente socialista disse querer "impulsionar as relações entre ambas as regiões" e "aproximar posições nas questões sobre as quais China e UE têm, hoje, mais distância".

Xi ressaltou, por sua vez, a importância de a UE defender sua independência estratégica.

- Agenda econômica -

A agenda na China teve um componente econômico, com a participação no Fórum Econômico Boao para a Ásia e reuniões com representantes empresariais espanhóis e locais.



Além disso, Sánchez se reuniu com o novo primeiro-ministro chinês, Li Qiang, a quem expressou o desejo da UE de manter uma "relação comercial mais equilibrada" com Pequim, segundo um comunicado do Palácio Moncloa.

Li manifestou que relações sólidas entre seu país e a UE serviam os interesses de ambas as partes e poderiam impulsionar a solidariedade da comunidade internacional para responder aos desafios com unidade, segundo Xinhua.

O primeiro-ministro destacou que tanto China como a UE deveriam se posicionar claramente em oposição ao unilateralismo e do protecionismo, assim como defender uma ordem internacional baseada nos princípios da Carta das Nações Unidas.

A visita permitiu a assinatura de acordos para impulsionar a exportação de caqui e amêndoas espanholas e encontros com operadores turísticos para recuperar o turismo chinês na Espanha.

Também foram assinados pactos de cooperação bilateral em esportes, e Sánchez anunciou o acordo para a abertura de um Instituto Cervantes em Xangai, que se somará ao existente em Pequim.