"O poder devastador da obra de Picasso, sua invenção permanente, a forma como atravessou todas as grandes correntes da modernidade, a experimentação por mais de 80 anos, seu desejo de atrair e provocar... tudo isso é inigualável", resume Bernard Blistène, presidente honorário do Centro Pompidou em Paris.
Picasso morreu em 8 de abril de 1973 em Mougins, na Riviera Francesa, aos 91 anos.
À data da sua morte, o primeiro catálogo de obras, concluído em 1978, continha nada menos que 33 volumes e mais de 16.000 imagens. Mas o número real de obras, desde pinturas a esculturas, passando por gravuras e cerâmicas, pode ser muito superior.
Picasso continua sendo um artista que vende muito, e caro.
- O número um do mercado -
Em 2021, foi o número um no mercado de arte, com quase 3.500 lotes vendidos por 671 milhões de dólares (cerca de 3,74 bilhões de reais em valores da época), enquanto no ano passado caiu para "apenas" 494 milhões de dólares (2,57 bilhões de reais em valores da época), segundo o último relatório anual sobre o mercado da empresa francesa Artprice.
Museus de todo o mundo, em particular na França e Espanha, agendaram cerca de 50 exposições sobre o artista nascido em Málaga.
O Museu Picasso de Barcelona registrou quase 120 mil visitantes em sua mais recente exposição, sobre a relação entre Picasso e o galerista Daniel-Henry Kahnweiler, e a atual grande retrospectiva sobre o artista no museu parisiense, organizada sob a direção artística do designer britânico Paul Smith , também está tendo grande sucesso.
Passam-se os anos, mas o público não se cansa, admite o diretor do Museu Picasso de Barcelona, Emmanuel Guigon.
"Fico fascinado com a quantidade de curadores de museus, historiadores e pesquisadores que continuam encontrando enfoques de estudo com uma curiosidade insaciável", acrescenta Olivier Widmaier-Picasso, neto do artista.
Os especialistas nem temem a polêmica desencadeada pelo movimento "#Metoo" sobre a conturbada relação do artista com as mulheres que conquistou, que o inspiraram ou que abandonou.
"Devemos parar de falar das mulheres que passaram por sua vida como se fossem 'musas', algumas se suicidaram, outras enlouqueceram. A única que saiu bem foi Françoise Gilot, a única que o abandonou", explica Emilie Bouvard, ex-curadora do Museu Picasso de Paris.
A relação de Picasso com as mulheres, que gerou fortes debates na França no ano passado, será tema de uma exposição no Brooklyn Museum, em Nova York, a partir deste verão.
PARIS