Na mesma entrevista em que o Papa Francisco disse que a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi injusta e que elogiou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o líder da Igreja Católia ainda afirmou que o melhor caminho para combater a extrema-direita é a justiça social.
Questionado pelo jornalista da TV argentina "Canal 5 Notícias (C5N)", Gustavo Sylvestre, se o avanço da extrema-direita pelo mundo preocupa, o Papa foi direto na resposta e disse que está sempre preocupado.
“A extrema-direita se recompõe, é curioso. Se recompõe sempre porque é centrípeta (movimento para dentro) não centrifuga (movimento para fora). Não se cria para fora possibilidades de reforma, ela é sempre centrípeta”, explicou o papa.
Gustavo Sylvestre ainda pergunta qual seria o remédio para combater a extrema-direita. “A justiça social, não há outra. Se você quer discutir com um político ou pensador de extrema-direita, fale de justiça social, fale horizontalmente. A direita se combate com justiça social”, afirmou o Papa Francisco.
Dilma e Lula
Na entrevista, realizada antes de Papa ser internado na última quarta-feira (29/3), exibida na quinta-feira (30/3), o pontífice afirmou que o presidente Lula foi condenado pela justiça sem provas. Francisco lembrou dos exemplos brasileiros quando perguntado sobre o "lawfare", termo usado para definir o uso do sistema de Justiça de determinado país para perseguição política de adversários.
"O lawfare abre caminho nos meios de comunicação. Deve-se impedir que determinada pessoa chegue a um cargo. Então, o pessoal o desqualifica e metem a suspeita de um crime. Então, faz-se todo um sumário, um sumário enorme, onde não se encontra , mas para condenar basta o tamanho desse sumário. 'Onde está o crime aqui?' 'Mas, sim, parece que sim...' Assim condenaram Lula", afirmou o religioso.
Além disso, quando o jornalista afirmou que Dilma foi cassada em 2016 por um "ato administrativo menor", o santo padre rebateu, afirmando que a ex-mandatária é "uma mulher de mãos limpas, uma mulher excelente".
"Papa Comunista"
Pelas redes sociais, deputados do Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), criticaram o Papa Francisco, inclusive acusando o líder católico de comunismo.
"O papa é o representante de Jesus, mas os comunistas que ele apoia não acreditam em Jesus e muito menos em Deus. Qual o objetivo do papa ao dizer que o 'descondenado' Lula foi preso injustamente? Difícil seguir esse Papa", comentou o deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) em uma publicação.
“O trabalho para acabar com o comunismo é extremamente longo e árduo, principalmente quando temos contra nós o maior representante da igreja católica no mundo", afirmou o deputado federal Luiz Lima (PL-RJ), no Facebook.