Jornal Estado de Minas

CIDADE DO VATICANO

Papa cancela presença em Via-Crúcis no Coliseu de Roma

A dor da guerra e a violência no mundo marcaram nesta sexta-feira a Via-Crúcis no Coliseu de Roma, da qual o Papa Francisco não participou pela primeira vez, devido ao frio.



Hospitalizado na semana passada para tratar uma bronquite, Francisco, 86, cancelou sua participação no ritual noturno devido às baixas temperaturas registradas na capital italiana, informou o Vaticano.

A decisão foi tomada para proteger a saúde do pontífice, uma vez que a Via Sacra acontece ao ar livre, diante do famoso monumento de Roma, com a presença de fiéis e turistas de todo o mundo.

Mais de 20.000 pessoas assistiram à procissão, que teve um clima diferente sem a presença do pontífice argentino. Francisco acompanhou o ritual da residência de Santa Marta, no Vaticano, informou a Santa Sé.

Nas primeiras meditações, que são lidas em cada uma das 14 estações do calvário sofrido por Cristo, representantes das Américas do Sul e Central e do norte da África leram textos com testemunhos apresentados ao Papa durante suas viagens. Narcotráfico, violência, deslocamentos e corrupção fizeram parte dos relatos mais tocantes.

- Testemunhos de ucraniano e russo -

Um dos momentos mais comoventes e emblemáticos foi o pedido de paz de dois jovens, um da Ucrânia e outro da Rússia, que descreveram na décima estação a dor da guerra, a perda de um irmão, a separação da família.



O embaixador da Ucrânia ante a Santa Sé, Andrii Yurash, criticou publicamente a decisão do Papa de convidar um russo e um ucraniano, cidadãos de dois países em guerra, para lerem juntos os testemunhos.

Desde sua eleição, em 2013, o Papa Francisco havia participado da Via-Crúcis de Roma, um grande momento da Semana Santa, que recorda a morte de Cristo, segundo os relatos dos Evangelhos.

Organizada desde 1964 no anfiteatro romano, especialmente iluminado para a ocasião, a Via Sacra não foi celebrada no local apenas em 2020 e 2021, devido à pandemia.

Jorge Mario Bergoglio, que tem problemas de saúde e utiliza uma cadeira de rodas para os deslocamentos devido a dores em um joelho, passou três dias hospitalizado na semana passada em Roma para tratar uma bronquite infecciosa, o que aumentou as especulações sobre uma possível renúncia.

Desde que recebeu alta, no sábado (1), o pontífice participou de várias cerimônias públicas no Vaticano, incluindo a missa do Domingo de Ramos (2) e a audiência geral semanal de quarta-feira (5).

Nesta quinta-feira, Francisco lavou os pés de 12 jovens detidos em uma instituição para menores de idade em Roma, na tradicional cerimônia do Lava-Pés.

No próximo domingo, o Papa deve presidir a missa de Páscoa na Praça de São Pedro, com a tradicional bênção "Urbi et Orbi", além de ler a tradicional mensagem sobre os problemas no mundo.