Quase 18.000 soldados participarão nos exercícios anuais, que receberam o nome 'Balikatan' ("ombro a ombro" em filipino) e que pela primeira vez incluirão uma manobra com munição real no Mar da China Meridional, reivindicado em sua quase totalidade por Pequim.
As manobras começam 24 horas após a China concluir três dias de manobras militares ao redor de Taiwan, que o governo comunista considera parte de seu território, em protesto contra uma visita aos Estados Unidos da presidente taiwanesa Tsai Ing-wen.
As manobras da China terminaram oficialmente na segunda-feira, mas Taiwan voltou a detectar nesta terça-feira a presença de vários navios de guerra e aeronaves chinesa perto de seu território território.
As duas semanas de exercícios 'Balikatan' terão o pouso de helicópteros militares no extremo norte da ilha filipina de Luzon, a quase 300 km de Taiwan.
- Exercícios de reconquista -
"Para proteger nosso território soberano, devemos nos preparar para retomar uma ilha arrebatada", declarou à imprensa o coronel Michael Logico, porta-voz das Forças Armadas filipinas, após a cerimônia de início das manobras em um campo militar de Manila.
Esta é a primeira vez que os exercícios acontecem durante a presidência de Ferdinand Marcos, que deseja reforçar os laços com Washington depois do distanciamento estabelecido por seu antecessor, Rodrigo Duterte.
Nos últimos meses, os dois países aliados concordaram em retomar as patrulhas marítimas conjuntas no Mar da China Meridional e concluíram um acordo para aumentar a presença militar americana no arquipélago.
As tropas americanas poderão usar mais quatro bases militares filipinas, incluindo uma base naval próxima de Taiwan.
A proximidade das Filipinas com Taiwan pode tornar este país insular um aliado crucial dos Estados Unidos no caso de uma invasão chinesa.
Pequim considera esta ilha de governo democrático e autônomo como parte de seu território e afirma que pretende retomá-la no futuro.
Na entrevista coletiva desta terça-feira, os dois aliados não mencionaram a questão.
O novo acordo entre Manila e Washington irritou Pequim, que acusou o governo americano de "colocar a paz e a estabilidade regionais em perigo".
As manobras 'Balikatan' mobilizarão de 12.200 americanos, 5.400 filipinos e 100 australianos, quase o dobro do contingente do ano passado.
Os exercícios incluem simulações de desembarque anfíbio na ilha de Palawan, próxima a um arquipélago reivindicado por Pequim e Manila, e o uso dos mísseis Patriot e HIMARS americanos.
Também incluem uma manobra com fogo real no Mar da China Meridional, a menos de 300 quilômetros ao leste do recife de Scarborough, objeto de disputa entre Pequim e Manila.
"Com os exercícios, as forças das Filipinas e dos Estados Unidos aperfeiçoarão a interoperabilidade, aumentarão as habilidades e complementarão as capacidades por meio da colaboração, garantindo que estaremos preparados para responder juntos aos desafios do mundo real", disse o comandante da Primeira Ala do Corpo de Fuzileiros Navais, o general Eric Austen, em uma cerimônia em Manila.