Ao descer do Air Force One no aeroporto de Dublin, sob chuva, Biden foi recebido pelo primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar.
O mandatário americano, de 80 anos, fala frequentemente de suas raízes irlandesas, e nessa viagem, ele vai visitar duas regiões onde genealogistas encontraram vestígios de seus ancestrais: Louth e Mayo.
Também vai se reunir com seu homólogo Michael D. Higgings, e falará nas duas câmaras do Parlamento irlandês, antes de retornar aos Estados Unidos na quinta-feira (13).
Apesar do caráter sentimental da visita à ilha, Biden reforçou o pedido feito na primeira parte da viagem.
Em um discurso na Universidade de Belfast, a capital da Irlanda no Norte, Biden pediu pelo fim do bloqueio político das instituições norte-irlandesas.
"Espero que o Executivo e a Assembleia (da Irlanda do Norte) sejam restabelecidos em breve", afirmou Biden, pedindo aos líderes dos principais partidos locais que retomem o governo, bloqueado desde fevereiro do ano passado, devido às consequências do Brexit.
Biden também afirmou que manter a paz duramente conquistada há duas décadas e meia é uma "prioridade" para os Estados Unidos.
O histórico pacto da Sexta-Feira Santa, assinado em 1998, pôs fim a três décadas de conflito entre os nacionalistas pró-irlandeses, majoritariamente católicos e favoráveis a uma reunificação, e os unionistas pró-britânicos, majoritariamente protestantes e que desejam permanecer no Reino Unido.
A paz e a estabilidade devem ser preservadas sempre, acrescentou, antes de recordar que a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 provou que, em cada geração, "a democracia precisa de campeões".
A violência de três décadas de conflito deixou 3.500 mortos e algumas feridas permanecem abertas, como demonstrou na segunda-feira um incidente na cidade fronteiriça de Londonberry, onde jovens encapuzados lançaram bombas incendiárias contra viaturas da polícia.
Outra prova das profundas divisões: as instituições autônomas, onde republicanos e unionistas devem compartilhar o poder com base no acordo de 1998, estão bloqueadas, porque o Partido Unionista Democrático (DUP), o principal partido unionista, nega-se a participar do governo.
- "Antibritânico" -
Biden também se reuniu nesta quarta-feira com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que declarou que as relações entre Reino Unido e Estados Unidos estão em "grande forma".
Mas alguns líderes do DUP não pensam da mesma maneira e criticaram a visita do presidente democrata.
Para o deputado Sammy Wilson, do DUP, Biden é "antibritânico" e apoiou a União Europeia (UE) nas negociações pós-Brexit.
"Qualquer pressão de uma administração americana tão claramente pró-nacionalista não constitui nenhuma pressão para nós", acrescentou outro membro do partido unionista, Nigel Dodds.
"As atividades passadas do presidente mostram que não é antibritânico", embora tenha "orgulho" de suas origens irlandesas, afirmou Amanda Sloat, conselheira do presidente democrata.
- Origem irlandesa -
O democrata, que também visitou a Irlanda como vice-presidente de Barack Obama, afirma com orgulho que é descendente de irlandeses que buscaram uma vida melhor nos Estados Unidos no século XIX.
A Casa Branca, inclusive, divulgou uma árvore genealógica para a imprensa e um bom compêndio de anedotas sobre os ancestrais do presidente.
A visita também exibe uma mensagem sobre a intenção de Biden de disputar a reeleição em 2024: demonstrar para uma classe média desmoralizada que o "sonho americano" não morreu, ao se apresentar como descendente de uma família modesta e trabalhadora.
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BELFAST
Biden pede fim do bloqueio político na Irlanda do Norte
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