Jornal Estado de Minas

ESTADOS UNIDOS

Juiz da Suprema Corte vendeu imóveis não declarados a magnata

Clarence Thomas, juiz conservador da Suprema Corte dos EUA, vendeu três propriedades para Harlan Crow, magnata do setor imobiliário e doador do Partido Republicano, sem divulgá-las publicamente, segundo reportagem da ProPublica publicada nesta quinta-feira (13).





O veículo afirma, com base em documentos fiscais federais e escrituras públicas, que Crow comprou, em 2014, uma casa onde a mãe do magistrado morava, no estado da Geórgia, além de outros dois terrenos baldios da família, por cerca de US$ 133 mil (cerca de R$ 655 mil na cotação atual).

Segundo a lei dos EUA, funcionários federais, incluindo os juízes da mais alta corte do país, devem divulgar detalhes de transações imobiliárias com valor superior a US$ 1 mil (cerca de R$ 4,9 mil). Só há exceções para casos em que a compra ou venda envolva diretamente a residência pessoal do servidor ou de seu cônjuge —um dos imóveis apontados pela ProPublica era ocupado pela mãe de Thomas.

Esta não é a primeira revelação de presentes de Harlan Crow recebidos por Thomas, mas, segundo a ProPublica, a negociação é a primeira evidência pública de uma transação direta entre os dois.





A mesma agência revelou na semana passada que o magistrado passou férias repetidas vezes com o magnata, inclusive em seu jato particular e superiate, nos Estados Unidos e em outros países.

O veículo disse que a frequência dos presentes "não tem precedente conhecido na história moderna da Suprema Corte dos EUA". O juiz e o doador, porém, minimizaram a importância dos favores, alegando a não obrigatoriedade de declaração das viagens.

Crow também afirmou à ProPublica em um comunicado que ele e sua esposa são amigos de Thomas e de sua esposa desde 1996 e que "nunca procuraram influenciá-lo em qualquer questão legal ou política".

A relação com Harlan Crow levanta preocupações éticas com a atuação judicial de Thomas. Relatos anteriores do envolvimento de sua esposa Virginia Thomas nos esforços para anular os resultados das eleições presidenciais de 2020, juntamente com a decisão do juiz de não se recusar a participar de casos relacionados ao pleito, levantaram questões sobre sua imparcialidade judicial.