O presidente americano, Joe Biden, ordenou, nesta sexta, aos serviços de inteligência "assegurar e limitar ainda mais" a transmissão de material sigiloso, depois da acusação do jovem.
"Enquanto ainda estamos determinando a autenticidade destes documentos, ordenei aos serviços militares e de inteligência que tomem medidas para assegurar e limitar ainda mais a distribuição de informação confidencial, e nossa equipe de segurança nacional está se coordenando estreitamente com nossos parceiros e aliados", disse Biden em um comunicado da Casa Branca.
Jack Teixeira, de 21 anos, foi preso na quinta-feira após uma investigação de uma semana sobre o vazamento de documentos que revelaram preocupação sobre a viabilidade de uma próxima contraofensiva das forças de Kiev contra as tropas russas, assim como sobre as defesas aéreas ucranianas, e deram sinais de que os Estados Unidos estariam espionando aliados como Israel e Coreia do Sul.
É a maior violação de segurança desde o vazamento de documentos da Agência de Segurança Nacional por Edward Snowden em 2013 e levanta questões sobre o acesso do simples oficial Teixeira a segredos de alto nível.
Teixeira, que vestia um macacão bege e parecia desconsolado em sua primeira apresentação a um tribunal federal em Boston, foi acusado de "retenção e transmissão não autorizada de informações confidenciais de defesa nacional".
Também foi acusado de "subtração e retenção não autorizada de documentos e materiais confidenciais". As acusações podem receber penas de prisão de 10 anos e cinco anos, respectivamente.
Em um momento durante a breve audiência, seu pai gritou: "Te amamos, Jack", a quem o jovem respondeu: "Também te amo, papai".
Ele não foi obrigado a declarar-se culpado e ficou detido à espera de uma nova audiência programada para a próxima quarta-feira.
- "Penas muito rígidas" -
O procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland, disse que há "penas muito rígidas" associadas aos crimes que supostamente Teixeira cometeu.
"As pessoas que assinam acordos para poder receber documentos classificados reconhecem a importância para a segurança nacional de não divulgar esses documentos, e pretendemos enviar essa mensagem da importância para nossa segurança nacional", acrescentou.
Teixeira é suspeito de publicar os documentos secretos, alguns datados do início de março, em um grupo de bate-papo privado na rede social Discord.
O jornal The New York Times indicou Teixeira como o administrador de um grupo chamado Thug Shaker Central, e segundo os informes, publicou os documentos utilizando o codinome "OG".
Primeiro transcreveu o conteúdo dos documentos confidenciais para compartilhar com o grupo, mas depois os fotografou e pediu aos demais membros que não os compartilhassem, segundo o jornal The Washington Post.
Alguns dos documentos apareceram mais tarde em outros sites de internet, incluindo Twitter, 4Chan e Telegram.
- Católico devoto e libertário -
Os investigadores ainda não forneceram pistas que indiquem os motivos de Teixeira para divulgar os documentos.
A Guarda Nacional dos EUA disse que Teixeira se alistou em setembro de 2019 e é um especialista em tecnologia da informação e comunicação que alcançou o posto de aviador de 1ª classe, o terceiro mais baixo para membros da Força Aérea.
Os amigos de Teixeira o descreveram ao jornal The Washington Post como um católico devoto e um libertário interessado em armas.
O jornal informou que ele vem de uma família com décadas de serviço militar. Seu pai passou 34 anos na mesma unidade militar que seu filho, enquanto a mãe de Teixeira trabalhava para organizações sem fins lucrativos que apoiam veteranos.
A prisão de Teixeira na quinta em sua casa em North Dighton, sul do estado de Massachusetts, foi transmitida ao vivo por emissoras de televisão americanas.
Imagens aéreas mostraram o suspeito, de bermuda vermelha e camiseta, com as mãos atrás da cabeça, recuando lentamente em direção aos agentes fortemente armados e camuflados, que o prenderam.
Um declaração judicial de um agente do FBI divulgada nesta sexta afirmava que Teixeira possuía uma autorização de segurança ultrasecreta desde 2021.
O secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, informou que ordenou uma revisão dos "procedimentos de acesso, responsabilidade e controle de inteligência dentro do departamento (de Defesa) para informar nossos esforços para evitar que esse tipo de incidente aconteça novamente".
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