Jornal Estado de Minas

VIOLÊNCIA

Ex-político e irmão são mortos ao vivo na TV na Índia


Um ex-político indiano que havia sido condenado por sequestro foi morto a tiros ao vivo na televisão na noite deste sábado (15/4) junto com seu irmão.


Atiq Ahmed, que estava sob escolta policial, conversava com repórteres quando uma pessoa colocou uma arma perto de sua cabeça e disparou. O incidente aconteceu na cidade de Prayagraj (também conhecida como Allahabad), no Estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia.





Depois que os tiros foram disparados, três homens que se apresentavam como jornalistas se entregaram e foram presos.


Poucos dias antes, o filho adolescente de Ahmed havia sido morto a tiros pela polícia.


Nas últimas duas décadas, Atiq Ahmed foi acusado de dezenas de crimes, incluindo sequestro, assassinato e extorsão. No mês passado, um tribunal o condenou à prisão perpétua em um caso de sequestro.


Ahmed já havia afirmado que estava sendo ameaçado por policiais.


As imagens que foram veiculadas ao vivo na televisão indiana mostram Ahmed e seu irmão, Ashraf, ambos algemados, conversando com jornalistas a caminho de um check-up médico em um hospital segundos antes de serem baleados.





No vídeo, Ahmed é questionado se ele havia comparecido ao funeral de seu filho.

Suas últimas palavras para a câmera são: "Eles não nos levaram, então não fomos."


Os três suspeitos chegaram ao local em motocicletas, disse a polícia. Um policial e um jornalista também ficaram feridos no local.


Após o incidente da noite de sábado, o ministro-chefe Yogi Adityanath ordenou uma investigação judicial sobre os assassinatos e proibiu encontros públicos de grande escala em Uttar Pradesh, para garantir a paz.


Especialistas questionaram como duas pessoas puderam ser mortas na frente da imprensa e da polícia. O correspondente em hindi da BBC, Anant Zanane, diz que a cidade agora está em uma espécie de lockdown.

Quem era Atiq Ahmed?

Ahmed teve uma longa carreira na política - e também no mundo do crime. Ele foi acusado de assassinato pela primeira vez em 1979. Na década seguinte, ele conquistou muita influência na parte ocidental da cidade de Prayagraj.





Ele venceu sua primeira eleição como candidato independente e tornou-se deputado estadual em 1989, servindo por dois mandatos consecutivos. Em 2004, ele conquistou uma vaga nas eleições federais como deputado.


Durante esse período, ele seguiu sendo alvo de processos em Prayagraj e em outras partes do Estado.


Na década seguinte, Ahmed disputou mais eleições, mas perdeu todas. Em 2019, o principal tribunal da Índia ordenou que ele fosse transferido para uma prisão no Estado de Gujarat por planejar ataques a um empresário na prisão em Uttar Pradesh onde estava detido, aguardando julgamento em outro caso.


Em março, ele foi trazido de Gujarat para Prayagraj para comparecer a um tribunal local, que anunciou sua sentença em um caso de sequestro.


Ahmed também foi levado à cidade para ser interrogado em outros casos. Seu irmão Ashraf, que estava preso no distrito de Bareilly, também foi levado à cidade para ser interrogado.





Ambos estavam sendo interrogados sobre o assassinato em fevereiro de uma pessoa que testemunharia sobre a morte em 2005 de outro político, que era rival de Ashraf.


O filho adolescente de Atiq Ahmed, Asad, e foram apontados como os principais suspeitos no caso do assassinato da testemunha. Asad e outro homem foram mortos pela polícia no início desta semana em um tiroteio.


No mês passado, a Suprema Corte da Índia se recusou a ouvir a petição de Ahmed na qual ele alegava que havia uma ameaça à sua vida por parte da polícia.


Uttar Pradesh é governado pelo partido nacionalista hindu BJP. Os partidos de oposição criticaram os assassinatos.


"O crime atingiu seu pico em UP e o moral dos criminosos está alto", tuitou Akhilesh Yadav, chefe do partido de oposição Samajwadi.


Mais de 180 pessoas que enfrentam várias acusações foram mortas pela polícia no Estado nos últimos seis anos.


Ativistas de direitos humanos acusam a polícia de realizar execuções extrajudiciais. O governo do Estado nega as acusações.


Muitos dizem que os encontros entre a polícia e os suspeitos são arquitetados pelos oficiais, e invariavelmente terminam com criminosos mortos e policiais ilesos.