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Estado de Minas TRAGÉDIA AÉREA

'A França não é séria', diz presidente de familiares das vítimas do voo 447

Presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo, criticou a decisão da Justiça francesa de absolver, nesta segunda, as empresas Airbus e Air France


17/04/2023 14:38 - atualizado 17/04/2023 14:37

Imagem de uma das vítimas da queda do avião em 2009
Nelson Marinho Filho, uma das 228 vítimas da queda do voo Air France 447, em 2009, no trajeto entre Rio de Janeiro e Paris (foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)
O presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447, Nelson Faria Marinho, declarou nesta segunda-feira (17/4) que a decisão da Justiça francesa de absolver as empresas Airbus e Air France pela tragédia é "absurda", e que "a França não é séria". Nelson perdeu o filho, de 40 anos, na queda do avião ocorrida em julho de 2009.

"(A decisão) Foi o que eu não esperava. Eu esperava que eles se espelhassem na Boeing americana, que são muito mais sérios. O 737 Max decidiram que ele não sairia do solo enquanto não resolvessem o problema", afirmou Nelson ao Correio. "Só culpam o piloto, que não tem culpa de nada. O problema foi só no mecanismo mesmo, eu posso te afirmar isso. Mas a decisão deles (da Justiça francesa) foi absurda", acrescentou.

O presidente da associação de familiares destacou que o filho, Nelson Marinho, foi criado em Brasília, e ressaltou que já morou no Gama, na 203 Sul, no Guará 1, Guará 2 e Lago Norte. Para Nelson, os juízes franceses são parciais, já que são pagos pelo governo do país que sedia ambas as empresas. A Airbus foi formada em conjunto por várias empresas europeias, e a Air France foi fundada na França. 

Ele comparou com situação das empresas francesas com a da Boeing, americana, que concordou em pagar indenizações de US$ 2,5 bilhões pela queda de dois aviões modelo 737 Max. "Os americanos foram muito responsáveis, e os franceses, muito irresponsáveis", avaliou.

"Agora eu quero rebater a frase do Charles de Gaulle (ex-presidente da França), que disse que 'o Brasil não é sério'", enfatizou Nelson. "A França não é séria. Ela está contradizendo toda aquela revolução da Bastilha, e eles são altamente capitalistas. Eles estão botando o dinheiro à frente da vida das pessoas", completou.

"Sem casualidade"

O tribunal de Paris absolveu, nesta segunda, a Airbus e a AirFrance após 14 anos da tragédia. Segundo a corte, embora tenham cometido "falhas", não foi possível demonstrar "nenhuma relação de causalidade" com a queda da aeronave. O vôo Air France 447 caiu na noite de 1º de junho de 2009, no Oceano Atlântico, horas após decolar do Rio de Janeiro em direção a Paris. Os 216 passageiros e 12 tripulantes morreram, incluindo 58 brasileiros. Ao todo, o Airbus A330 levava pessoas de 33 nacionalidades.

"O primeiro defeito foi o do radar, que detecta tempestades, e eles seguiram em frente. Todos os aviões desviaram daquela tempestade, só o Air France foi em frente. Depois, o sensor pitot congelou, e o avião foi para o chão", explicou Nelson. "Almoçando com 80 pilotos do mundo inteiro, todos falaram a mesma coisa, que o avião tem defeito.

Quando atinge o computador de bordo, ele cai", acrescentou. Questionado sobre o que a associação fará quanto à decisão da Justiça francesa, Nelson respondeu que ainda não sabe se caberá recurso contra a decisão. "Se houver, com certeza vamos recorrer. Todas as associações de familiares vão, a nossa, a francesa, a da Alemanha", frisou.


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