A controvérsia surgiu após uma entrevista de Lu Shaye, embaixador da China na França, na sexta-feira para o canal de notícias francês LCI.
Questionado se a Crimeia era ucraniana, Lu respondeu: "Depende de como você encara o problema. Há uma história. A Crimeia era russa no início".
Ele argumentou que os países que emergiram como nações independentes após a queda da União Soviética em 1991 "não têm status efetivo sob o direito internacional porque não há acordo internacional confirmando seus status de nações soberanas".
Diante disso, Mykhaïlo Podoliak, assessor da presidência ucraniana, reagiu no Twitter: "É estranho ouvir uma versão absurda da história da Crimeia, de um representante de um país escrupuloso sobre sua história milenar".
"Todos os países da ex-URSS têm um claro status soberano consagrado no direito internacional", acrescentou, pedindo a Lu Shaye "que não repita a propaganda russa".
Um comunicado divulgado no final do sábado pelo Ministério das Relações Exteriores da França disse que "soube com consternação das observações do embaixador".
"Cabe à China dizer se essas declarações refletem sua posição, o que esperamos que não seja o caso", acrescentou o comunicado, lembrando que a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 é "ilegal sob o direito internacional".
O ministro das Relações Exteriores da Letônia, Edgars Rinkevics, denunciou as declarações como "completamente inaceitáveis".
Seu homólogo estoniano, Margus Tsahkna, chamou-as de "falsas" e as considerou uma "interpretação errada da história".
"Segundo o direito internacional, os Estados bálticos são soberanos desde 1918, mas foram ocupados por 50 anos" pela URSS, acrescentou.
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, descreveu as declarações como "inaceitáveis".
"A UE só pode assumir que tais declarações não representam a posição oficial da China", acrescentou.
Embora a China diga que é oficialmente neutra, o presidente chinês, Xi Jinping, nunca condenou a invasão russa e nunca falou com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, por telefone.
Xi recentemente foi a Moscou para reafirmar sua parceria com o presidente russo, Vladimir Putin, sob o disfarce de uma frente antiocidental.