O equipamento foi entregue nesta quarta-feira (26) por jornalistas do Myanmar Democratic Voice of Burma. Seu redator-chefe, Aye Chan Naing, se limitou a declarar que procedia de "um bom cidadão que diferenciava o bem e o mal".
O proprietário da câmera, o jornalista japonês Kenji Nagai, funcionário da APF News - uma pequena agência com sede em Tóquio -, foi morto pelas tropas birmanesas enquanto cobria manifestações de monges contra a junta militar.
Sua câmera de vídeo havia desaparecido, assim como as últimas imagens que filmou em 27 de setembro de 2007, pouco antes de perder a vida.
Estas imagens se tornaram públicas pela primeira vez nesta quarta-feira no Centro de Imprensa Estrangeira de Bancoc. Mostram uma multidão de manifestantes que se inclinam aos monges no centro de Yangon, em frente a policiais e soldados equipados com escudos antichoque e fuzis.
A câmera filma o exército mobilizado no local. "O exército acaba de chegar. O exército está aqui. Está fortemente armado", são as últimas palavras pronunciadas pelo jornalista.
Uma foto de Nagai, que o mostrava caído no asfalto com um soldado apontando-lhe uma arma, recebeu o prêmio Pulitzer em 2008.
A irmã de Nagai, Noriko Ogawa, afirmou nesta quarta-feira que estava "feliz", depois de ter perdido a esperança de recuperar a câmera e as últimas imagens. "Acho que meu irmão também estava esperando por este dia", destacou, indicando que a levaria à sua sepultura.
As autoridades birmanesas qualificaram a morte do jornalista como um "acidente". No entanto, uma autópsia realizada no Japão revelou que ele provavelmente foi morto à queima-roupa.