"Este ano foram encontradas três covas coletivas em 'La Hoyada', contendo os restos ósseos de sete pessoas, que serão submetidos a análises antropológicas forenses e testes de DNA para sua identificação", disse o MP em comunicado.
Os restos foram encontrados entre fevereiro e abril na área chamada La Hoyada, que serviu como cemitério clandestino para os militares, onde está sendo construído um monumento em homenagem aos milhares de desaparecidos deixados pelo período de violência que o Peru viveu.
Segundo o MP, durante o movimento de terras no local, "uma vala comum com os restos ósseos de duas pessoas foi encontrada", elevando para sete o total de restos descobertos desde o início da construção.
La Hoyada é um terreno baldio adjacente ao quartel do exército Los Cabitos, onde os militares incineravam em fornos os cadáveres de detidos suspeitos de pertencerem à guerrilha maoísta Sendero Luminoso, de acordo com testemunhos públicos.
Neste imenso terreno de 4,5 hectares, dezenas de cruzes brancas e marrons cercadas de ichu (grama do planalto andino) agora se erguem com os nomes das vítimas de desaparecimentos forçados entre 1980 e 2000.
"Sempre temos a esperança de encontrar nossos familiares com essas novas descobertas. Espero que um deles seja meu marido", disse à AFP Adelina García, presidente da Associação Nacional de Familiares de Sequestrados, Presos e Desaparecidos do Peru (Anfasep).
García procura seu marido, Zósimo Tenorio, desaparecido após ser detido pelo exército em 1983.
Entre 2005 e 2010, uma equipe forense do Ministério Público realizou 3.031 escavações na área e determinou a existência de dois fornos crematórios e os restos ósseos de 109 pessoas. Com as novas descobertas, o número chega a 116.
Segundo o relatório da Comissão da Verdade e Reconciliação (CVR, 2003), existem cerca de 4.000 covas coletivas no Peru com vítimas do conflito.
A guerra contra os guerrilheiros ou contra o terrorismo (1980-2000), como as autoridades a chamam, deixou pouco mais de 21.000 pessoas desaparecidas.