Jornal Estado de Minas

ESTOCOLMO

FMI afirma que países da Europa devem 'matar' a inflação

Os bancos centrais europeus devem "matar o monstro" da inflação e prosseguir com os aumentos das taxas de juros, afirmou nesta sexta-feira (28) o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a Europa.



"Você precisa ir e matar o monstro", disse Alfred Kammer em uma conferência sobre a economia europeia em Estocolmo.

Ele disse ainda que "a história está repleta" de exemplos de formuladores de políticas que pausam os aumentos dos juros e depois precisam de "uma segunda tentativa" de reduzir a inflação, causando ainda mais dor à economia.

Para controlar a onda de inflação mundial, particularmente forte nos Estados Unidos e na Europa, os bancos centrais ocidentais elevaram consideravelmente as taxas de juros desde o ano passado, o que provocou a desaceleração da economia mundial e inquietações para o setor bancário.

Agora que os índices de preços estão desacelerando dos dois lados do Atlântico, o FMI pede que os esforços para conter a inflação continuem sendo uma prioridade.

No caso do Banco Central Europeu (BCE), que já alterou as taxas de juros ao nível mais elevado desde outubro de 2008 (uma margem de 3% a 3,75%), isto deve ser traduzido em "mais" aumentos das taxas por "mais tempo", disse Kammer.



Esta política de contenção monetária do BCE deve prosseguir "até meados de 2024, com o objetivo de fazer a inflação retornar à meta (de 2%) em algum momento de 2025", afirmou o economista alemão.

Para o FMI, a necessidade de frear a inflação supera as inquietações a respeito do sistema bancário e financeiro.

"E não há dúvida sobre isso", disse Kammer. "Nossa avaliação é que o sistema bancário deve realmente ser capaz de administrar o estresse procedente das taxas de juros mais elevadas".

Apesar dos colapsos recentes do banco americano SVB e do suíço Crédit Suisse, "na Europa, temos um sistema bancário saudável, bem capitalizado, muito regulamentado e bem monitorado", afirmou.

O FMI também faz um apelo para que os governos europeus reduzam o déficit público e o tamanho dos dispositivos de assistência social diante da inflação.

Questionado sobre os riscos para o crescimento, Kammer destacou que o desemprego continua baixo na zona do euro e que a economia do bloco "está em capacidade plena".

Ao falar sobre os salários, ele disse que na zona do euro os reajustes foram modestos enquanto os lucros aumentaram.

"Portanto há uma pequena margem para aumentos salariais", disse Kammer.

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