O ministro da Economia durante o governo do direitista Horacio Cartes (2013-2018), considerado seu padrinho político, avalia que as sanções impostas ao ex-presidente pelos Estados Unidos por corrupção são um assunto pessoal que "não devem ser levadas a um plano institucional e muito menos nacional".
A três dias da eleição, que se vislumbra como a mais acirrada dos últimos anos e na qual o centrista Efraín Alegre ameaça a hegemonia quase ininterrupta dos colorados desde os anos 1950, Penã declarou, em entrevista à AFP, que se sente "com muita tranquilidade, com muita paz" por ter "dado tudo o humanamente possível".
- Pergunta: Caso ganhe e seja o próximo presidente do Paraguai, como pensa que transcorrerá a relação com os Estados Unidos, levando em conta as sanções contra Cartes? Qual a sua posição diante dessas acusações?
- Resposta: O governo americano tem uma lei e, segundo essa lei, a autoridade de decidir quem entra e quem não entra no seu país, e aplicar sanções para que não se utilize seu sistema financeiro. Nisso, nós temos que ser totalmente respeitosos e não deveria afetar a relação bilateral, que é muito mais profunda. Há séculos de relação entre Paraguai e Estados Unidos (...) Creio que isso não vai mudar. E as acusações, que são pessoais, não apenas afetaram o presidente Cartes, também afetaram o atual vice-presidente (Hugo Velázquez) e isso não significou uma mudança de relação entre os governos.
- P: O Paraguai é um dos poucos países que mantém relações com Taiwan. Pensa em mantê-las e por que?
- R: Há considerações históricas, um laço de amizade de mais de 60 anos, no qual Taiwan tem sido um grande aliado. Apoiou o Paraguai na formação de capital humano, em programas sociais com um grande impacto. Um laço de princípios e valores democráticos nos une.
O Paraguai está trilhando o caminho do desenvolvimento de uma economia eminentemente agropecuária em direção a uma economia mais avançada e de maior valor agregado, a uma industrialização. Nesse processo, ter um maior comércio com um gigante como a China provavelmente vai fazer que nosso mercado seja ainda mais primário do que é. O comércio com Taiwan pode nos levar ao desenvolvimento de uma base industrial muito mais potente, e isso vai permitir que Paraguai tenha mais músculo.
- P: Durante a presidência de Cartes, o Paraguai mudou sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, e depois o atual presidente Mario Abdo a devolveu para Tel Aviv. Você mudaria isso?
- R: Sim, voltaria para Jerusalém. Estou convencido de que há razões cristãs e também razões políticas. O Estado de Israel reconhece Jerusalém como sua capital. A sede do Congresso está em Jerusalém, o presidente está em Jerusalém. Então, quem somos nós para questionar onde eles estabelecem sua própria capital?
- P: Como vê o Paraguai dentro do Mercosul?
- R: Os avanços que temos vivido são insuficientes. Necessitamos aprofundar o processo de integração do Mercosul e depois, como bloco, nos integrarmos mais ao mundo. O acordo com a União Europeia é algo fundamental, deveria avançar. Já não visualizo um Paraguai fora do Mercosul. Para mim, essa não é uma opção. Quero ser um ator principal na integração do Mercosul e como bloco discutir em nível mundial como vamos nos integrar mais como região.